Pro-fi-ssio-na-lis-mo
Acompanho
totalmente o que tem dito o senhor José Amaral acerca do roubo de material de
guerra em Tancos. De facto, para que as coisas funcionem com um mínimo de
harmonia, seja na família, na empresa, nos organismos do Estado, cada responsável
tem de cumprir e fazer cumprir!
E o que se
passou em Tancos é mesmo uma anedota de mau gosto; aqueles comandantes simbolizam
o que há de pior no país. Se calhar estavam mais atentos ao formar da guarda
para os receber à entrada no quartel, a que na messe e no bar dos oficiais não
faltasse nada, do que em verificar como estava a ser feita a vigilância ao
material que lhes estava confiado…
Emocionei-me
quando há pouco tempo vi, na Assembleia da República, nas comemorações do “25
de Abril”, um homem de “canadianas” e aspecto muito debilitado. Chama-se Amadeu
Garcia dos Santos, general de engenharia, e era o jovem capitão que chefiava o
Serviço de Telecomunicações Militares a que pertenci, serviço este cujo Centro
de Comando era o Batalhão de Telegrafistas, em Lisboa.
Este oficial,
engenheiro de telecomunicações, era de um rigor absoluto até na forma como
andava fardado; exceptuando as ocasiões em que tinha de usar “farda de gala”,
no dia-a-dia andava sempre de botas grossas e a calça metida no cano, coisa que
me fazia confusão, até porque podia ver qualquer subalterno e até sargentos
apresentarem-se em serviço de calça fina e sapatos de passeio.
Cabia-lhe
colocar e vigiar o pessoal que os vários estabelecimentos militares solicitavam
ao Batalhão, não admitindo que, em serviço, se usassem o que ele chamava de “paisanadas”,
exigindo uma linguagem precisa e concisa em todo o tipo de comunicações de
serviço.
Mais tarde, o
país soube que foi um dos “capitães de Abril” e o responsável pelas comunicações
das várias células que organizaram e concluíram com o êxito que se conhece a
revolução democrática.
Que não se
deve brincar em serviço todos mais ou menos sabemos, sobretudo em funções públicas
e de alta responsabilidade; e este caso de Tancos também revela bandalheira a
outros níveis, como o M.P.ter recebido uma denúncia do que veio mesmo a
acontecer, ter jogado a coisa no cesto dos papéis sem nem aos responsáveis daquela
unidade militar terem dado conhecimento!
É claro que
para a Cristas e outros “cristalinos” que não são capazes de mais nada que não
seja meter nojo, o ministro da Defesa é que deve ser demitido, e já…
Amândio G.
Martins
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