terça-feira, 19 de dezembro de 2023

 

A SELVA AMERICANA


Os mortos civis na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, são já quase 20 mil. O dobro dos da guerra na Ucrânia. A cidade de Gaza está já mais destruída que qualquer cidade alemã depois da Segunda Guerra Mundial. Homens, mulheres e crianças, morrem sob a metralha, debaixo de ruínas, por falta de tratamento e até de fome. Se o mundo está chocado, imagine-se quem vê morrer, muitas vezes nos seus braços sem qualquer socorro médico ou debaixo de escombros, filhos, pais, irmãos ou amigos. Imagine-se o sofrimento atroz daquele povo. Que sentimentos tudo isso gera?

E diz Netanyahu que quer erradicar o Hamas...

Com a formação do Estado de Israel há mais de 70 anos, centenas de milhar de palestinianos foram expulsos das suas terras. Israel, com total impunidade, sempre desrespeitou o direito internacional. Criou colonatos considerados ilegais pela ONU, onde vivem cerca de um milhão de israelitas, usurpou recursos naturais, prende civis palestinianos sem processo judicial, criou um sistema de apartheid.

A resolução 181 da Assembleia Geral da ONU, aprovada em 1947, estabelecia a criação de dois Estados. O de Israel e o da Palestina com capital em Jerusalém Leste que poderia assegurar o regresso dos refugiados palestinianos.

Israel não aceitou e nunca cumpriu as Resoluções da ONU.

O povo palestiniano tem sido privado do seu sagrado direito à liberdade e à sua pátria. Tem sido violentado e humilhado ao longo de todos estes anos.

Portanto, quem criou e continua a criar condições para surgirem organizações com algumas práticas, evidentemente, condenáveis?

Pois bem, a solução como já vimos e como as diversas resoluções da ONU atestam, seria a existência de dois Estados. Israel nunca aceitou e sempre desrespeitou as decisões daquela que é a mais importante instância mundial, porque sempre contou com o apoio da superpotência americana.

Mesmo agora perante a destruição e o massacre em curso, fazem ouvidos de mercador aos apelos à paz do Papa, da Organização Mundial da Saúde, de milhões que se manifestam por todo o mundo e do nosso compatriota António Guterres que como Secretário-Geral da ONU tem desempenhado um papel à altura do cargo, digno, correto e responsável.

Ao vetarem no Conselho de Segurança da ONU e quase logo de seguida votando contra na Assembleia-Geral propostas que propunham um cessar fogo humanitário, que dizer do papel dos Estados Unidos da América no mundo, quando 153 países votam a favor, 23 se abstêm e apenas 10, onde se inclui Israel, votam contra?

Depois de todo o longo historial de apoio a ditaduras, golpes de Estado, guerras com participação direta ou indireta, e agora avalizando esta barbaridade quase comparada ao holocausto nazi, não estão os EUA, transformando o Direito Internacional na lei da selva? Com uma diferença fundamental: é que na selva, os animais mais fortes matam os mais fracos, não por desejo de domínio, por lucro e egoísmo. Matam, por sobrevivência, para se alimentarem, sem qualquer maldade. É a “lei” da selva, da Natureza.

Francisco Ramalho



Publicado hoje em "O Setubalense"



Sem comentários:

Enviar um comentário

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.