Nunca me pareceu razoável que pessoas notáveis no campo da cultura se permitissem o sectarismo político, ao ponto de fazerem apreciações ofensivas da pessoa que querem atingir, como demasiadas vezes temos visto, porque se da nossa parte, o povo, isso é permitido e perfeitamente compreensível, quando vejo um poeta ou escritor de relevo nessa “guerra”, fico sempre com a impressão de que se desvaloriza naquilo que o tornou publicamente relevante na sociedade.
No nosso meio, recordo Vasco Graça Moura como um dos notáveis a que me refiro, pela forma sempre demolidora como disparava as suas diatribes contra a personalidade política de quem não gostasse; em Espanha destaca-se Arturo Pérez-Reverte, que no mais recente “show” do famoso programa “El Hormiguero”, onde as perguntas mais provocatórias são colocadas aos entrevistados por uns bonecos animados em forma de formigas, o famoso escritor ultrapassou tudo no ataque a Pedro Sánchez, ao ponto de lhe chamar assassino, mesmo que fosse em linguagem figurada.
A propósito das negociações dos socialistas espanhóis com a Direita catalã - cujo líder, Puigdemont, é odiado até na Catalunha, porque fugiu para o estrangeiro para não responder pelos seus actos, enquanto os companheiros da tentativa unilateral de independência responderam em tribunal e estiveram na cadeia – para em troca dos seus sete votos no Congresso, de que Sánchez precisava para poder ser investido, se comprometessem a promover uma lei que os ilibasse de todos os crimes sob a alçada da justiça, Pérez-Reverte começou por dizer que Sánchez o fascinava como personagem para um livro, no papel de um predador sem escrúpulos, um assassino, capaz de vender a mãe, como todo o político, com a diferença que ele não a entrega, “entrega a nossa em seu lugar”...
Amândio G. Martins
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