terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Bocas da reacção

 

A leitura do artigo sobre as “contas certas” que Cavaco Silva publicou no PÚBLICO trouxe-me à memória uma expressão que, nos anos do PREC e seguintes, se vulgarizou, alargando-se o significado inicial e com aplicação a propósito de tudo ou de nada. Fui buscá-la para dar título a este texto.

Não sou ninguém para discutir finanças públicas com o “mestre”. Ele sabe tudo, nunca se engana e raramente tem dúvidas. Sempre assim foi e será. Do que não tenho dúvidas (neste campo, porque, ao contrário do “professor”, dúvidas sobre tudo, cada vez tenho mais…) é que Cavaco não engana ninguém, querendo parecer que está a dar uma aula, quando, na realidade, se aproveita da sua notoriedade para, exercendo um direito legítimo, fazer campanha partidária, eivado do costumado azedume anti-PS.

Numa coisa, pelo menos, Cavaco falhou rotundamente: esqueceu-se de nos dizer quem deveria nomear o “comité de especialistas” a que repetidamente alude no artigo. Mas eu julgo saber que esse comité, no pensamento de Cavaco, só poderia ser constituído por ele próprio, uma vez que, à face da Terra, não existe mais ninguém com a clarividência necessária. Essa foi a sua “armadilha”.


Público - 05.12.2023

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