terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Povo que levas no lombo

 

Dizem os alfarrábios que o Aqueduto das Águas Livres, cuja vontade de o fazer já vinha do tempo dos romanos, mais ou menos como o novo aeroporto, tendo sido construído no reinado de D. Jão V, este não teve nada a ver com a sua construção, que terá sido uma inciativa genuinamente popular, apoiada pela Câmara de Lisboa porque, embora não faltasse no país o dinheiro, provindo das especiarias extorquidas a outros povos, tudo era ingloriamente esbanjado.

 

Tendo sido considerado, pela população da cidade, um glorioso feito do povo, no arco da Rua das Amoreiras foi colocada esta inscrição: “No ano de 1748, reinando o piedoso e magnânimo rei João V, o senado e povo de Lisboa, à custa do mesmo povo e com grande satisfação dele, introduziu na cidade as Águas Livres, e isto por aturado trabalho de vinte anos a arrasar e perfurar outeiros na extensão de nove mil passos”.

 

Uns anos mais tarde, parecendo-lhe aquela inscrição um desaforo, o famoso Sebastião José de Pombal mandou picar a lápide e falsificar esta outra: “Regulando D. João V, o melhor dos reis, o bem público de Portugal, foram introduzidas na cidade, por aquedutos solidíssimos que hão-de durar eternamente, e que formam um giro de nove mil passos, águas salubérrimas, e fazendo-se esta obra com tolerável despesa pública e sincero aplauso de todos. Ano de 1748”...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

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