quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Degraus de uma vida

  Degraus da minha vida
(poema ultimado em 2013)

 Ser neto pouco me lembro
Meus avós perdi eu cedo
Ser filho foi em Outubro
Vim ao mundo sem ter medo.

De estudante eu recordo
O meu ensino primário
Meu mestre recordado
E seu nome era Mário.

Fui aprendiz de sacristão
Vários padres acolitei
Até na Extrema-Unção
Algumas almas ajudei.

Depois vim para o Porto
Trabalhar e estudar
Vida de me deixar morto
Difícil de conjugar.

Com quarenta anos de idade
O meu pai faleceu
A primeira fatalidade
Gravada no mundo meu.

Na Oliveira Martins
Ainda na rua do Sol
Escola Comercial e afins
Muita malta em seu rol.

Nela estudei com afinco
Depois de dias cansados
Os anos foram cinco
Estudo e curso alcançados.

Tempo ainda fui tendo
Para alguém catrapiscar
Ali e acolá fui vendo
Miúdas p’ra namorar.

Nos tempos de mais calor
Ia até à beira-mar
Deslumbrantes de ardor
Meninas a bronzear.

Veio a vida militar
Na década de sessenta
A ida ao Ultramar
Também foi minha tormenta.

Outra pessoa regressei
Arranjei de novo emprego
Solteiro a casado passei
Outro folgo, novo apego.

Penetrei terra fecunda
Deixei lá minha semente:
Nasceram duas papoilas
E um cravo finalmente.

Muitos anos trabalhei
Minha vida foi num banco
Só louros amealhei
Mas não passei do tamanco.

Agora estou reformado
Com esposa, filhos e netos
Não me sinto acomodado
Os sentidos tenho despertos.

Vila Seca viu nascer
Esta humilde criatura
Nela um dia irá jazer
Numa simples sepultura.

José Amaral

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