terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bento XVI surpreende, políticos não














Ontem, 11 de fevereiro, os telejornais e programas de rádio não deixaram passar despercebida a renúncia de Bento XVI, em plena época carnavalesca e a dois dias do início da Quaresma.
Hoje, os jornais. A primeira pagina do PÚBLICO era, quase toda ela, uma foto de Gabriel Bouys (AFP) onde sobressai não o rosto completo de Bento XVI , mas antes uma pomba branca, símbolo da Paz. Em letras grandes, brancas, também elas, lemos "Já não tenho forças para exercer". Não é o homem que importa, mas a missão, o serviço, o ministério.
O mundo foi surpreendido.
É bom ser surpreendido e penso que esta foi uma boa surpresa. A Igreja Católica está a precisar de um novo fôlego para avançar. Das suas palavras ao consistório, sublinho: "já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério de Pedro (...) e peço perdão pelos meus defeitos".
Dizem alguns teólogos e sociólogos que a mensagem de renúncia do Papa Bento XVI pode ser o seu "mais significativo legado", que ficará marcado, portanto, pelo "efeito de dessacralização da figura do Papa", uma "viragem democrátrica".

É interessante o facto de ser esta a primeira renúncia papal em quase 600 anos.
Não foi o «amor» ao poder que o manteve neste cargo, tenho a certeza.
Deixa o seu lugar vago a 28 deste mês por amor à Igreja Católica.
Não procurou protagonismo. Esteve ao serviço da Igreja e, numa atitude e postura lúcida, humilde e racional, concluiu que não está em condições para servir da melhor forma. Acho que fez bem.
Teremos outro Papa na Páscoa. Estou curiosa e vou estar atenta a todo o processo!
A Bento XVI continuação de uma vida feliz.
E ao novo Papa sorte e carisma!
P.S.: Bento XVI não esperou que lhe fosse exigida a resignação. Ele próprio, na sua consciência sai do «poder» . Quem dera que os políticos (que são também ministros) renunciassem quando o seu serviço não corresponde às expectativas do povo. Mas os políticos não têm consciência, nem ouvidos, nem coração.

(publicado no PÚBLICO na secção Cartas à Directora, 14/2/2013)


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