Os sem abrigo (sem amor) são no fundo algo mais do que isso, escreveu o Director Artístico do Teatro Nacional D.Maria II, João Mota, no programa da peça que encenou – Condomínio de Rua. Os caminhos da exclusão social, do submundo humano, dos dramas pessoais e do sentimento de perda: do emprego, do casamento (amor), da estabilidade e do equilíbrio emocional,... permite-nos olhar e ver para reparar que a fronteira que nos separa dos ditos vagabundos/miseráveis é uma linha ténue. A diferença entre um sem abrigo e o banqueiro Fernando ultrarico é do tamanho dum caixotão cheio com notas de 500 euros. É mais crível o oceano ficar sem água que o católico Fernando Ulrich cair num condomínio de rua! Os sozinhos sem amor, precisam de tudo menos de assistencialismo e caridadezinha religiosamente orientada. Antes, de recuperação e integração: Cana para pescar ou trigo para semear e fazer Pão.
Também só somos livres, quando a nossa atenção consciente se importar com os outros, como iguais. Sem paternalismos. O dinheiro gasta-se, as palavras e acções não! A pobreza e a miséria extrema está instalada. Portugal cavalga para uma imensa sopa dos pobres. No coração de Lisboa, ao lado de lojas finas onde se vendem gravatas pelo valor dum salário mínimo nacional, “co-habitam” esqueletos humanos, tísicos desdentados e consumidos, alcoólicos obnubilados, traumatizados da guerra colonial, desempregados de longa duração, velhos despossuídos com “camas” de cartão,... Não lhes apontem dedos, estendam-lhes braços em forma de resolutivos e Fraternos Abraços!
Vítor Colaço Santos
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