Vivaldo Jorge de Araújo
Goiânia, Goiás, Brasil
15/09/2021
Ouso discordar que o nome Cláudio e consequente derivação feminina Cláudia e diminutivo Claudete tenham acepção de capenga, conforme tradicionalmente admitido.
É unânime a opinião, inclusive com o respaldo do filólogo, escritor e poeta português Cândido de Figueiredo, que o vocábulo seja originário do adjetivo latino claudus-a-um, cuja significação é tida apenas no sentido de manco, tendo em vista o referido adjetivo derivar-se do verbo da segunda declinação latina claudēre, cuja pronúncia é claudére e significa mancar, coxear.
Acontece que na língua latina existe também o verbo da terceira conjugação claudĕre, cuja pronúncia é cláudere, ou seja, com acento tônico predominante na antepenúltima sílaba. Seu significado é segurar, prender, apoiar. São dois verbos com a mesma grafia, diferenciados apenas pela pronúncia. No idioma de Cícero não havia acentuação, mas apenas dois pequeninos sinais: o macron em forma de um pequeno traço sobre a vogal (Ā) e a bráquia na forma de um pequeno arco (Ă), usados para assinalar respectivamente, a pronunciação tônica ou átona da vogal.
Assim sendo, a palavra Cláudio, que passou a ser um nome próprio, inclusive com pronúncia na antepenúltima sílaba, por ser vocábulo proparoxítono, tem a real possibilidade de ter-se originado de claudus com procedência no verbo da terceira conjugação claudĕre, daí significar segurador, prendedor, apoiador e jamais manco´, cambeta ou coxo, como inadvertidamente se admite.
Segundo registra o site “https://www.nomesbiblicos.com/claudio/”, estudos etimológicos acreditam que o nome admitia interpretações como aquele que apoia, ressaltando a riqueza de oferecer ajuda àqueles que necessitam, bem como a importância de ser seguro de si para executar tal tarefa com destreza.
Importante salientar que há um regionalismo em Portugal, conforme o dicionário de Antônio Houaiss, segundo o qual a palavra tem o significado de alfinete, isto é, um instrumento prendedor, apoiador, segurador.
Não se diga que o significado tem alguma coisa a ver com o imperador romano Cláudio, que tinha defeito nos pés, até porque houve outro imperador com o mesmo nome, o qual não era portador de deficiência física e reinou séculos depois do primeiro.
Na região da Bitínia da antiga Grécia, atualmente integrante do território turco, havia uma cidade com o nome de Claudionópolis. No Estado de Minas Gerais há uma com a denominação de Cláudio, e outra, no Estado de Mato Grosso, chamada Cláudia.
Cláudio, Cláudia e Claudete não são, portanto, capengas, mas seguradores, apoiadores sustentadores.
Deixo aqui minha homenagem a todos os Cláudios, Cláudias e Claudetes, especialmente o caro sobrinho Cláudio Henrique, o saudoso ex-aluno Claudivino Bento, a estimada prima Ana Cláudia e a dileta amiga Ana Cláudia.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.