segunda-feira, 6 de setembro de 2021

O mundo não é mesmo a preto e branco


Em dias em que todos sofremos, à distância, com os acontecimentos no Afeganistão, e com o que adivinhamos que aí vem, esbarrar num relato como o de Sofia Lorena, no Público de domingo, torna-se humanamente insuportável. Não que surpreenda alguém a existência de Guantánamo e outras prisões mais, algumas delas ainda secretas. Mas é duro saber-se que se trata de uma prisão “inventada” para contornar as próprias leis dos seus donos, os EUA. Minimiza a gravidade do tema argumentar que ela se destinou, desde o princípio, a enclausurar exclusivamente prisioneiros de guerra, suspeitos de actos de terrorismo? A verdade é que a grande maioria desses presos nunca teve culpa formada, e foi sujeita a comprovadas torturas, como é o caso do iemenita Mansoor Adayfi, que, sobre o assunto, vai lançar um livro no decorrer de Setembro. Tenciono comprá-lo e lê-lo, porque é preciso que se saiba o que lá virá escrito. Talvez mais do que a crueldade da vingança gratuita, choca-me a ilegalidade e a imoralidade conscientemente praticadas por sucessivas administrações norte-americanas.

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