quinta-feira, 16 de setembro de 2021

 

O RIDÍCULO E A MORAL SALAZARISTA


“A ditadura defendia, por um lado, a moral e os bons costumes, por outro, legislava no sentido de legalizar práticas sexuais contrárias a essa mesma moral, a esses bons costumes, pregados quer pelo regime quer pela Igreja Católica!

O mesmo regime que permitia a legalidade da prostituição, não se inibia de publicar uma portaria – Câmara Municipal de Lisboa- que penalizava os atentados à moral pública: “verificando-se o aumento de actos atentatórios à moral e aos bons costumes, que dia a dia se vêm verificando nos logradouros públicos e jardins e, em especial, nas zonas florestais Montes Claros, Parque silva Porto, Mata da Trafaria, Jardim Botânico, Tapada da Ajuda e outros, determina-se à Polícia e Guardas Florestais uma permanente vigilância sobre as pessoas que procurem frondosas vegetações para a prática de actos que atentem contra a moral e os bons costumes. Assim, e em aditamento àquela portaria n.º 69.035, estabelece-se e determina-se que o artigo art.º 48 tenha o cumprimento seguinte: 1º- Mão na mão (2$50); 2º- Mão naquilo (15$00); 3º- Aquilo na mão (30$00); 4º – Aquilo naquilo (50$00); 5º- Aquilo atrás daquilo (100$00); parágrafo único- Com a língua naquilo, preso e fotografado.”

(…) Se a prostituição foi legal até 1963, a homossexualidade nunca foi permitida, sendo alguns homossexuais presos, humilhados e espancados”

in “ O Cavador Que Lia Livros No Tempo De Salazar”, Edições Colibri

Francisco Ramalho


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