O JN e o PÚBLICO, ao mesmo tempo, dão-me uma notícia menos boa.
Desapareceu fisicamente, a ilustre sobredotada pintora, Paula Rego. As suas criações tocaram o poder político, o âmbito social e a condição feminina, onde se incluem o aborto - foram as mais relevantes. Tinha uma maneira muito peculiar pela positiva na abordagem das suas criações.
Era enérgica e convicta na defesa do seu feminismo, do qual não abdicava.
Tem no museu Casa das Histórias, em Cascais, um espaço arquitetónico do não menos brilhante, Eduardo Souto de Moura, tendo sido a iluminada criadora quem escolheu o autor. Espaço lindíssimo a visitar, cujo interior com 750m2 de área de exposição, é composto por várias pinturas da artista.
As suas obras, sobressaltos permanentes, onde a inquietação e a crueza da vida são realçadas mostra-nos a quotidiano. O espaço exterior tem um frondoso jardim, com uma cafetaria completada com uma simpática esplanada. Das vezes que fui à Casa das Histórias, numa delas deparei-me com a notável e inconfundível , Paula Rego e cumprimentei-a: «Muito grato!», disse. De face sorridente e olhar cintilante, respondeu: «De quê?». -«Porque soube transportar a vida para a sua criação artística!». Fez um riso com uns intensos holofotes (olhos) que me iluminaram.
A querida, aclamada e irreverente, Paula Rego continuará a pintar os nossos corações com obras que não viram a cara ao medo nem à culpa nem ao sentimento de pecado e são duma qualidade real acima da média. Esteja já onde estiver, o Universo ficará mais colorido. A sua obra jamais a deixará morrer!
Seu eterno e muito admirador
Vítor Colaço Santos
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