Quando se tem um incêndio por perto, com a fumarada a encobrir o sol e a tornar o ar irrespirável, é que se fica com uma ideia aproximada das dificuldades que enfrentam os que são chamados para o apagar, como ontem pude verificar bem perto da minha casa; era uma mata densa de eucaliptos e mato, este à altura das pessoas, porque os donos daquilo não estiveram para mandar limpar, que fica muito caro e depressa volta a crescer.
Começou por vir um elicóptero, mas a ideia que logo deixava é que não iria resolver nada porque, depois de despejar a saquito da água, enquanto ia ao rio buscar outro e vinha demorava cerca de cinco minutos, e o efeito da descarga anterior já tinha sido anulado, sobretudo por acção do vento, ganhando-lhe o fogo grande avanço; vieram de seguida dois “canadair” e parecia que iam resolver a coisa rapidamente, mas como estes aviões não podem carregar em qualquer sítio, precisavam voar para longe, reduzindo-lhes a eficiência, tendo-se prolongado a desgraça pela tarde toda, só ficando dominado ao caír da noite, com os bombeiros a vigiar o rescaldo.
A minha aldeia está tão rodeada de eucaliptos que eu nunca perco oportunidade de lembrar isso aos seus defensores, que alugam os seus montes vazios às celuloses por largos anos e não se preocupam nada com o que vai ser o futuro desta terra; à senhora que, ao serviço do “BUPI” , cá veio para certificar de quem são as várias propriedades rústicas que podem ser florestadas ao abrigo de financiamento europeu disse, em nome da minha familia, que nos nossos montes não aceitaremos eucaliptos, tendo recebido a promessa de que não estão previstas plantações exóticas, mas só as árvores do nosso ambiente de sempre, como carvalhos de várias espécies, sobreiros e outras autóctones; a ver vamos...
Amândio G. Martins
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