Em
18 de Janeiro de 1934 realizou-se uma greve geral convocada pela CGT
(anarco-sindicalista), CIS (próxima do PCP) e FAO (de tendência socialista), contra
a decisão da ditadura fascista de Salazar, de extinguir o sindicalismo livre e
tomar conta dos sindicatos, a coberto da imposta constituição de 1933.
A
greve desenvolveu-se em todo o País, embora tivesse mais forte expressão em
Almada, Sines, Barreiro e Silves, onde reabriram o Sindicato dos Corticeiros e
hastearam uma bandeira vermelha. Mas existiram acções também em Lisboa, Porto,
Coimbra, Braga, Portimão e Portalegre.
Mas
foi na Marinha Grande que a greve se transformou em levantamento operário, com revolta
armada e insurreição, com corte de ligações para Leiria e Vieira de Leiria na
noite de 17 para 18 de Janeiro, assalto ao posto da GNR e Correios, reabertura
de sindicatos e resistência a tiro e bombas contra as forças policiais vindas
de Leiria. A revolta envolveu o proletariado numeroso, destacando-se os
comunistas, com forte enraizamento nos operários vidreiros, mas também
anarquistas, socialistas e republicanos.
A
resistência dos operários na Marinha Grande durou algumas horas, mas acabou
esmagada pela repressão brutal fascista de forças policiais e forças armadas.
Além de elevado número de despedimentos e julgamentos sumários, terão existido
696 presos, 227 da região de Lisboa e 122 da Marinha Grande, grande parte
deportada para o Tarrafal e Angra do Heroísmo.
Numa
altura em que o fascismo se afirmava em Portugal e um pouco por toda a Europa,
talvez a decisão da greve geral se mostrasse desajustada, uma vez que a coragem
demonstrada por si só não chegava para fazer frente a um inimigo poderoso, que detinha
todo o poder político e militar. Embora nada faça desaparecer a bravura,
determinação e heroísmo dos intervenientes na grande jornada de luta de 18 de
janeiro de 1934.
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