quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

90 ANOS DO 18 DE JANEIRO DE 1934 NA MARINHA GRANDE

 

Em 18 de Janeiro de 1934 realizou-se uma greve geral convocada pela CGT (anarco-sindicalista), CIS (próxima do PCP) e FAO (de tendência socialista), contra a decisão da ditadura fascista de Salazar, de extinguir o sindicalismo livre e tomar conta dos sindicatos, a coberto da imposta constituição de 1933.

A greve desenvolveu-se em todo o País, embora tivesse mais forte expressão em Almada, Sines, Barreiro e Silves, onde reabriram o Sindicato dos Corticeiros e hastearam uma bandeira vermelha. Mas existiram acções também em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga, Portimão e Portalegre.

Mas foi na Marinha Grande que a greve se transformou em levantamento operário, com revolta armada e insurreição, com corte de ligações para Leiria e Vieira de Leiria na noite de 17 para 18 de Janeiro, assalto ao posto da GNR e Correios, reabertura de sindicatos e resistência a tiro e bombas contra as forças policiais vindas de Leiria. A revolta envolveu o proletariado numeroso, destacando-se os comunistas, com forte enraizamento nos operários vidreiros, mas também anarquistas, socialistas e republicanos.

A resistência dos operários na Marinha Grande durou algumas horas, mas acabou esmagada pela repressão brutal fascista de forças policiais e forças armadas. Além de elevado número de despedimentos e julgamentos sumários, terão existido 696 presos, 227 da região de Lisboa e 122 da Marinha Grande, grande parte deportada para o Tarrafal e Angra do Heroísmo.

Numa altura em que o fascismo se afirmava em Portugal e um pouco por toda a Europa, talvez a decisão da greve geral se mostrasse desajustada, uma vez que a coragem demonstrada por si só não chegava para fazer frente a um inimigo poderoso, que detinha todo o poder político e militar. Embora nada faça desaparecer a bravura, determinação e heroísmo dos intervenientes na grande jornada de luta de 18 de janeiro de 1934.

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