quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

António Aleixo e os políticos


Eis algumas quadras que ele escreveu no século passado e hoje se fosse vivo poderia escrever exatamente o mesmo.

Descreio dos que me apontem
Uma sociedade sã:
Isto é hoje o que foi ontem
E o que há-ser amanhã.

Vós que lá do vosso império
Prometeis um mundo novo
Calai-vos que pode o povo
Querer um mundo novo a sério

Não és, mas queres parecer 
Um santinho no altar;
Mostras ao mundo, sem querer
O Que pretendes tapar 

Se fazes tudo às avessas,
Porque prometes tanto?
Não me faças mais promessas,
Bem sabes que não sou santo.

P`ra mentira ser segura 
E atingir profundidade,
Tem que trazer à mistura 
Qualquer coisa de verdade.

És um rapaz instruído,
És um doutor;em resumo:
És um limão, que espremido,
Não dá caroços nem sumo.

O mundo só pode ser
Melhor do que até aqui,
Quando consigas fazer
Mais pelos outros que por ti

A ninguém faltava o pão,
Se este dever se cumprisse
Ganharmos em relação
Com o que se produzisse

Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.

Tu que tanto prometeste
Enquanto nada podias,
Hoje que podes esqueceste
Tudo quanto prometias...

Os que bons conselhos dão
Às vezes fazem-me rir,
Por ver que eles próprios são
Incapazes de os seguir.

Vinho que vai p´ra vinagre 
Não retrocede o caminho;
Só por obra de milagre,
Pode de novo ser vinho

Cada um de nós pode encontrar uma para dedicar a alguém, eu dedico esta última ao Dr André Ventura um antigo PSD.

Quintino Silva

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