segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Piratas à solta


Não que me admire, mas orgulho-me da posição que o PÚBLICO tem tomado na defesa de órgãos da comunicação social que, à partida, são seus concorrentes directos. É mais do que provável que este jornal, em termos imediatos, e puramente financeiros, pudesse vir a lucrar com o desaparecimento de alguns dos títulos detidos pela Global Media, pelo que a sua postura é uma lição para todos quantos só percebem a ganância.

Não falando dos outros órgãos afectados, quem, entre nós, portugueses de boa-fé, não se sente diminuído por deixar de contar com a presença do JN, do DN e da TSF? Pois se a única salvação destas entidades fulcrais para todos é ir o Estado socorrê-las, de que se está à espera? Da anuência dos liberais? Deixemo-los pregar no deserto que merecem, repetindo ad nauseam que o Estado só atrapalha, e que os privados, munidos da sua infinita eficiência, resolvem tudo através de um mercado “santificado”. Estou de alma e coração com o apelo/exigência de Ana Sá Lopes, na sua Anacrónica de domingo: privatizemos JÁ aqueles órgãos de comunicação social! E se os liberais quiserem ir queixar-se a Bruxelas ou ao diabo, lembremos-lhes que andam cheios de sorte por não lhes movermos nenhuma acção judicial pelo que andam a fazer. Será preciso mais do que este caso exemplar da Global Media para os mandar para os quintos do inferno?


Público - 09.01.2024

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