segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Dívida Infernal

A economia portuguesa atravessa uma crise transversal múltipla e doentia, que se inscreve numa componente de dívida interna e dívida externa, donde resulta necessariamente, uma divida que inferna a vida nacional. A vida dos portugueses transformou-se num clima de ansiedade e insegurança, ou seja, num percurso que inferna o presente e não deixa espaços para que auguremos um bom futuro.

Estamos na Europa, de pés e mãos atados à União Europeia e ao Euro. Somos parte integrante ao mais alto nível dessa União, dado que perdemos o próprio controlo monetário, e dela dependemos para resolver os problemas económicos e financeiros do nosso país e temos de seguir as suas directivas afectas a todos os seus membros. Numa palavra, perdemos muito da nossa independência.

Se a perdemos por agregação, também os nossos parceiros devam estar englobados nos nossos êxitos e desaires, e nós, concomitantemente, nos deles. As dívidas dos países que compõem a UE, não são apenas deles, são também da própria União. Os parceiros europeus têm de pensar e resolver os problemas em conjunto, porque os problemas de um, a todos pertencem, porque cada um é parte integrante desse todo.

Mas o pensar grande só é possível em homens de grande carácter e íntegros e, infelizmente, numa grande parte das equipas que orientam os destinos dos povos europeus há pouca gente de alta craveira.

Lamento quando pessoas com responsabilidades nos mais diversos sectores, alardeando uma falta de humanidade e até de civismo, vêm aos órgãos de comunicação social propagandear que nós não somos a Grécia, menosprezando tal povo, ou que nada temos a ver com a Irlanda, a Islândia, Malta, Chipre ou, nas entrelinhas, que estamos melhores que a Espanha que tem 25% de desemprego. Isto é lamentável, e diz da indigência cultural e intelectual de certos comentadores encartados e da sua falta de respeito pelos cidadãos nossos parceiros. Não admira assim que os outros nos tratem com igual acrimónia, em especial, os que não atravessam fases críticas.

A União Europeia tem de aprofundar as causas da situação crítica que alguns países que a compõem atravessam, e tem de o fazer urgentemente, porque nalgumas situações, tal como Portugal, o povo não aguenta mais esta política de cortes nos rendimentos familiares e isso pode ser perigoso e até trágico. A União tem de fazer a sua “mea culpa”, porque não acompanhou devidamente, como lhe pertencia, os subsídios que fomentaram muitas obras inúteis, e que obrigaram a um endividamento parcial dos subsidiados, indirectamente, nos grandes bancos europeus. Prometeram o Paraíso e em vez disso, passados os anos, temos de pagar o Inferno, cuja factura é esta dívida infernal.

Joaquim Carreira Tapadinhas (Montijo)

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