Do entusiasmo juvenil...
...Ou a malícia onde menos seria de esperar. Não sei se foi verdade ou não passa de anedota
brejeira; como quer que seja, vendo-a pelo preço que ma venderam...
Sem recordar ao certo se me foi contada ou a li nalgum lado,
a história que segue ter-se-á passado num famoso colégio interno espanhol,
dirigido por religiosas católicas, que recebia raparigas de todos os cantos de
Espanha.
Estando programada a visita do bispo daquela Diocese, a
Madre Superiora seleccionou uma representante de cada região para dizer algumas
palavras de saudação, colocando-as em posição de desfilar uma a uma em frente
ao prelado.
Quando o bispo entrou, ainda jóvem e sorriso luminoso, foi
apresentado pela Madre ao auditório e sentou-se, seguindo-se as saudações de
cada uma das moças previamente indicadas, conforme a Superiora as ia nomeando,
sendo o que diriam necessariamente curto e ao critério de cada uma.
Deslumbradas com tão raro exemplar do sexo masculino naquele
espaço, diz a primeira:
“Eu sou de Sevilha, e
ofereço ao senhor bispo a mantilha”,
fazendo esvoaçar o bonito adereço;
Diz a segunda: “Eu sou de Palma, e ofereço a minha alma”,
abrindo os braços na direcção do bispo;
Diz a terceira: “Eu sou de Leon, e ofereço o meu coração”,
levando as mãos ao seio esquerdo...
Preocupada com aquela eloquência, e receosa que a coisa
tomasse proporções delicadas, a Superiora achou prudente intervir nestes
termos:
Atenção! As meninas de Barcelona, Tarragona e Pamplona podem
sentar-se.
E continuou a chamar as restantes, a que se seguiu o
discurso do bispo, que caíu como balde de água fria naquelas cabecinhas
sedentas de viver.
Amândio G. Martins
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