Parece que foi ontem...
O ano de 1993 caminhava para o fim, era mês de novembro e,
em Lisboa, dois candidatos queriam a câmara, o lisboeta Jorge Sampaio e o
algarvio Macário Correia, que tinha deixado o governo, de cuja acção terá
sobrado apenas aquela frase bonita em que dizia que beijar uma rapariga que
fumasse era igual a lamber um cinzeiro; constou que o resultado daquela “graça”
foi as raparigas fumadoras dispensarem os rapazes que o não fossem...
Beneficiando da curiosidade que sempre é dispensada às
novidades, a CIC vivia momentos de euforia, com gente na direcção que garantia
ser capaz de “vender” um presidente da República como se fosse um sabonete; vai
daí, anunciaram com estridência, com dia e hora marcados, um debate com aqueles
dois candidatos, mas sem que eles fossem tidos nem achados!
Estupefacto, ou nem tanto, dado de onde vinha o atrevimento,
Sampaio fez saír um comunicado a informar que, não tendo sido convidado para
tal debate, não compareceria. Só que isto não demoveu os senhores da CIC, que o ignoraram
completamente, continuando a colocar o spot até ao último minuto; e Sampaio
cumpriu o que tinha dito.
Imaginando-se com aquele tempo de antena gratuito só para
ele, Macário lambia os “bêços”, nem lhe passando pela cabeça que os jornalistas
que iria defrontar o impediriam de
averbar aquele tempo todo para debitar a sua cantilena como quisesse; e foi
cilindrado, saindo de lá mais amarrotado que o chapeu de um pobre, sem sequer
perceber bem o que lhe estava a acontecer, como a seguir foi cilindrado na
eleição.
Tinha sido a primeira vez que, no país, um órgão de
Comunicação Social usou de toda a sua força para obrigar alguém a um
determinado comportamento, numa tentativa clara de ditar as regras do jogo.
Outro aspecto interessante foi que, precisando o partido de
um bom candidato à câmara, Sampaio não mandou para a “fogueira” uma Teresa
qualquer coisa, foi ele mesmo e venceu, como depois venceu para a presidência
da República. E deixou saudades quando saíu, como tinha deixado saudades o
antecessor. São assim os líderes que contam.
Do Macário soube-se que chegou a presidente de câmara, mas
lá na sua região, onde até parece que perdeu o mandato por falcatruas, ou não
tivesse sido ele membro da “entourage”cavaquista, que deixou no país marcas que
hoje pagamos bem caro...
Amândio G. Martins
Não sei por que carga de água terei eu escrito "CIC" em vez de SIC...
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