sábado, 30 de abril de 2016

AMNÉSIAS

                                                                   A BANDA PODRE
Toda a gente sabe que os graves problemas que afectam a Humanidade não são causados pelas classes pobres, que são as que tudo produzem e as que menos auferem da riqueza criada; é a corja parasitóide e sem escrúpulos, auxiliada pelo servilismo de hordas de lacaios das classes pobres, que engendra todo o tipo de esquemas para poder viver à larga, enquanto arrota sentenças que lhe permitem continuar a usufruir de regalias em tempo de crise, atirando com o ónus para cima dos mais fracos.
No JN de hoje, na página “Praça da Liberdade”, o jornalista Miguel Conde Coutinho, com o título “Amnésia”, recorda-nos as habilidades de alguns figurões que até são frequentemente chamados a “botar faladura” em importantes órgãos de Comunicação Social, com o “patriótico” objectivo de meter a plebe na ordem…
“A amnésia é um problema que pode afectar qualquer um, mas tem uma taxa de incidência particularmente elevada nos que têm de responder em público por escândalos em que se envolveram.
Disse Dias Loureiro sobre o caso BPN: “Não me lembro dos contratos, posso ter assinado, se vocês o dizem, mas não tenho memória”. Zeinal Bava, na comissão de inquérito do BES: “Não vou dizer que foi fulano, sicrano ou beltrano, não me lembro”. Ângelo Correia, sobre o seu nome estar nos “Panamá Papers”, não se recordava desse offshore: “Trabalhei para muita gente e pode ter sido que me tenham nomeado para essa empresa e eu tenha assinado”.
A falta de memória de Ângelo Correia não é uma novidade. Em 2010 disse na SIC que “direitos adquiridos são os direitos como o direito à vida e à liberdade, e não os decorrentes da economia. Estes só são adquiridos enquanto a economia for sólida. Fora disso são uma burla”. Um ano depois, já se tinha esquecido disto. Disse à Antena 1 que não concordava com perder a sua subvenção vitalícia do Estado, porque era “um direito adquirido”, mesmo em cenário de grave crise económica.
Para além de ter resgatado Passos Coelho do esquecimento político a que estava destinado, coisa que não o recomenda especialmente, não me lembro o que terá feito pelo país Ângelo Correia. Ainda assim, dias depois de ter confessado que não se lembra do que assina, coisa que não recomenda ninguém, teve direito a estar na TV a dissertar sobre os destinos da pátria”.


Transcrito por Amândio G. Martins

Como gostamos de viver!

Como gostamos de viver!
Em Portugal, nesta fase, existe um grupo de pessoas muito pequeno mas milionário ou multimilionário, depois um grupo pequeno da classe média, cada vez mais pequeno e seguidamente um grupo grande de pessoas a viver com muitas dificuldades, abaixo do mínimo de subsistência 419€/mês que contam todos os dias os euros que podem gastar. Compete ao grupo dos políticos, do PS, BE e PCP aumentar a autoestima dos portugueses e levando-os a pensar que ainda existe a tal ”luz ao fundo do túnel”, só que o túnel é cada vez mais comprido, tendo para já 42 anos de tempo. O que fizemos de verdadeiramente importante nesse período: o SNS, o aumento da escolaridade no país (mas à medida que aumenta a escolaridade do país, o nível de conhecimentos piora), até parece um paradoxo, mas é a triste verdade, o reconhecimento dos portugueses ligados ao mundo científico no exterior e pouco mais. Nos últimos anos que apareceu um político capaz de conseguir puxar pela autoestima dos portugueses parece-me ser o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, ele está em todo lado, ao lado de tudo, e de todos, até parece que tem o condão da ubiquidade. Que este homem consiga chegar ao fim do túnel arrastando todos os portugueses com ele, ou pelo menos que dê uma grande contribuição para isso.

"Vale tudo"

Desculpem, o jornal e os leitores se por hoje esta crónica não se estender ao comprido, nem se alongar na dissertação, mas eu estou com pressa para ir a correr para o facebook, pois fervo de pressa e curiosidade, a querer saber o que é que o leonino Bruno de Carvalho, grande mestre em golpes baixos "postou" logo ao final do combate, que opôs os minhotos da cidade-berço do Fundador Afonso ao SLBenfica, clube da capital do reino, e que reina que nem rei da selva, no campeonato de futebol, neste momento. O que terá ele registado na sua página de combate sobre a actuação do árbitro Paixão, que Bruno também é, o que os familiariza por coincidência. E que apreciação faz do jogo de kikboxing apresentado e certamente aconselhado, antes de entrarem na arena, por Sérgio Conceição aos seus gladiadores, enquanto táctica no confronto contra a equipa da Luz, para travar o voo da Águia? Ouvido o técnico dos vitorianos no final da contenda, o Benfica não mereceu a vitória, e só a conseguiu porque o Bruno do apito, ajuizou com paixão desigual, alguns lances, que foram fatais e originaram a sua expulsão e derrota. Os cartões amarelos exibidos aos atletas de jiu jitsu vimaranense, não se justificavam, pois após cinco minutos de jogo, ainda não haviam pernas partidas nos atletas adversários, e já três amarelos estavam mostrados, o que condicionou a actuação da equipa do Conquistador, em baixo de forma esta época. Não se lembrou o mister Sérgio de dizer e culpar os seus guerreiros, de que perderam por falta de eficácia na hora de enfrentar a baliza e o seu guardião. À táctica posta no terreno, agressiva, violenta a exigir dureza por parte do juiz ao aplicar os castigos, perdoando-lhes até uma penalidade, o comandante dos minhotos, apenas encontrou desculpas para o desaire sofrido, incriminando o árbitro e o estado de espírito que se podia gerar no país se o SLB, não ganhasse o combate. Segundo ele a nação vinha abaixo, quer no desporto, quer até na Política nacional que conduz o seu destino austero e amarrado às cordas. E o tal Bruno de Carvalho, que dirá no seu facebook, aonde ele treina o verbo, se após isto que assim se passou, reza a lenda, regressar do Dragão sem conseguir usar da espada de bom gume que ali desembainha, e da língua afiada que o leve ao triunfo sobre a equipa azul e branco, no campo verde da batalha a norte, que o manterá em pé na luta que trava com o seu rival mais próximo e com uma história mais conseguida, e bem mais rica? Vamos ler então o que reclama o Bruno, dirigente muito verde, à procura da página da vitória, que se esconde sob a juba da fera, há muito tempo .

sexta-feira, 29 de abril de 2016

REFLETINDO SOBRE O INSUCESSO ESCOLAR EM PORTUGAL


Estamos constantemente a ser bombardeados com estudos e relatórios que reflectem a realidade do insucesso escolar em Portugal, mas a verdade é que ambas as faces da moeda são, em muitos casos uma fraude.
Nem o insucesso é como o pintam, nem o sucesso é assim tão verdadeiro.
Sabemos que uma percentagem significativa dos portugueses não tem mais do que o 9º ano; que mais recentemente tem sido feita, com alguma insistência a relação entre a escolaridade dos pais e o sucesso / insucesso dos filhos, bem como a alarmante, na minha modesta opinião, taxa de reprovações no segundo ano do ensino básico (segundo os últimos dados, chumbaram no ano passado 11.000 alunos, que aos 7 anos começam a ser condenados ao insucesso – isto é verdadeiramente inacreditável e uma vergonha no contexto europeu e até mundial).
Considero que estes dados não podem ser vistos de forma descontextualizada e remetem-nos para a necessidade e de uma análise desapaixonada da realidade portuguesa e para a ainda, mais necessária, sensatez nas abordagens.
Se olharmos apenas para “ as gordas” das notícias ventiladas pela comunicação social, é relativamente fácil e tentador, encontrar bodes expiatórios para responder a este problema, mas se formos por esse caminho nunca mais chegaremos ao cerne da questão.
Tentemos desmontar os dados.
Bem, a relativa baixa escolaridade dos portugueses é uma realidade e pouco ou nada poderemos dizer nesta matéria a não ser que, apesar de termos já uma democracia madura, com quase 42 anos, a realidade é que o atraso sistémico em termos culturais e as assimetrias sociais do nosso país ainda não permitiram que estejamos ao nível médio da Europa nesta matéria .
Contudo, será que isso é, por si só, a variável que condiciona o sucesso escolar dos nossos jovens?
Coloco esta questão, porque as pessoas que estão agora na casa do 50 / 60 anos ( a minha geração ), foram certamente em muitos casos as primeiras das respetivas famílias a conseguir tirar um curso superior, mas os seus pais, eram ou são maioritariamente pessoas com baixa escolaridade.
Como se explica então o nosso “sucesso”, com pais “academicamente limitados” ?
Dir-me-ão, ah e tal os tempos eram outros e eu direi, que sim…que os tempos eram outros e o sistema de ensino também; que o acesso à informação era mais limitado mas mais nivelado; que a aprendizagem era focalizada na escola e não na Internet e nas redes sociais e tinha uma estabilidade de métodos e conteúdos que agora não tem; que a relação entre professor e aluno era bem mais sensata do que aquela que o “sistema” agora impõe, quer a alunos, quer a professores e que havia uma coisa que se chama respeito, competência que hoje é altamente desvalorizada e em muitos casos mesmo retirada do sistema de ensino, tendo sido substituída pelo medo.
Por outro lado, que me perdoem os defensores da causa, mas não me parece, de todo, que o sistema democrático tenha democratizado o acesso à educação, no sentido mais abrangente do termo. Após o 25 de Abril, democratizou-se o acesso à educação, sim, mas na maioria dos casos o que aconteceu foi trazer para dentro das escolas muitas desigualdades e assimetrias sociais, contra as quais a escola pode muito pouco. Na realidade, a história tens-nos mostrado que que o sistema de ensino se tornou progressivamente mais elitista, estigmatizando, muitas vezes de forma subliminar, crianças e jovens que não se vistam, comportem, ou demonstrem ter acesso a ferramentas que se considera serem agentes “potenciadores” do mérito académico. Faz-me lembrar a alegoria dos meninos azuis, aparentemente todos iguais mas depois diferenciados de acordo com o tom - azuis claros para a frente, azuis escuros para trás.
De referir, ainda, erros grosseiros que tem vindo a ser cometidos, quer em termos dos programas escolares, quer em termos dos métodos pedagógicos utilizados, logo a partir do primeiro ciclo e que claramente potenciam o insucesso. Em termos de políticas educativas, o nosso país tem sido um enorme laboratório de experimentação, que muda consoante o partido que esteja no governo não havendo condições na maioria das vezes, para fazer uma avaliação consistente dos resultados da implementação das mesmas, por manifesta falta de tempo de aplicação das medidas.
Esta volatilidade nunca permite validar, ou não, o sucesso de determinada política ou método pedagógico. Sabendo nós que os chamados partidos do arco da governação, têm visões totalmente antagónicas tanto no que respeita à estrutura e organização, quanto à definição dos currículos e conteúdos a leccionar, não é muito difícil perceber a teia de paradoxos em que a Educação está metida, com todas as implicações que isso tem na formação das nossas crianças e jovens, que são as verdadeiras “vítimas do sistema”.
Os exemplos possíveis são mais que muitos, mas falemos por exemplo da disciplina de matemática do primeiro ciclo, onde o índice de reprovações logo a partir do segundo ano é profundamente chocante.
Será que faz sentido que as nossas crianças sejam obrigadas a aprender o B A Bá do cálculo numérico através de métodos que para os pais, mesmo com formação superior, sejam totalmente chinês e que os obriguem, para poderem ajudar os filhos a fazer o trabalhos de casa ( outra aberração ), a passarem horas na Internet a percorrerem tutoriais no Youtube para conseguirem ensinar os filhos a fazer uma conta básica, segundo o método que agora é moda?
Será que faz sentido, em nome da suposta autonomia das crianças, mandar fazer trabalhos de pesquisa uns atrás dos outros, para todas as disciplinas e mais uma, sabendo que existem milhares de crianças que não dispõem dos meios informáticos, nem de bibliotecas perto de casa para o poderem fazer?
Mais, de que serve o estimular desta suposta autonomia quando se sabe que a maioria desses ditos trabalhos são feitos pelos pais e não pelas crianças e se quisermos ser ainda mais contundentes, o que dizer da forma como são tantas vezes tratadas as crianças que efetivamente fazem as coisas, de forma autónoma e portanto não apresentam trabalhos tão “bem feitinhos” como alguns colegas e ao invés de serem premiadas pela honestidade intelectual, sua e dos pais, são desvalorizadas no seu esforço?
Felizmente já existem muitos professores que se recusam a enviar trabalhos de casa e este tópico só por si mereceria uma crónica, mas a verdade é que nos últimos anos, esta temática voltou à ordem do dia, havendo mesmo a ideia de que o professor que não manda trabalhos de casa é menos capaz do que o que o faz.
Contudo, triste mesmo é o facto, conhecido por todos os que se interessam minimamente por estas matérias de que, hoje em dia muitas escolas trabalham para os rankings, nem que para isso tenham que mafiar as notas dos alunos – não sou eu que o digo, são os “estudos”.
Podia dizer muito mais mas não me serviria de nada, até porque o que conta são as estatísticas e os estudos portugueses e estrangeiros e que nos colocam pelas ruas da amargura em termos de insucesso escolar. Lembro uma notícia do Jornal Expresso do passado dia 26 de Janeiro que refere e demonstra, mais uma vez, que Portugal é o país da Europa onde se reprova mais no primeiro ciclo e que o “chumbo” está associado a dificuldades socioeconómicas dos agregados familiares. Ora aí está… são as assimetrias sociais e não o facto dos pais “serem burros” que potencia a reprovação.
Mas se tivermos em conta o ultimo relatório da OCDE divulgado este mês, percebemos claramente que os números também demonstram que a retenção de nada serve para reabilitar o aluno e que, na maioria dos casos apenas contribui para o aumento da estigmatização e exclusão social, para problemas de autoestima nas crianças, para o aumento do abandono escolar precoce e logo para o adensar das assimetrias sociais.
Pois é…a democracia tem destas coisas e eu não gosto delas e não gosto sobretudo que me tentem atirar areia para os olhos.
Reprovar não tem nada a ver nem com exigência nem com qualidade de ensino e enquanto se pensar assim, nunca iremos ser capazes de inverter a situação.
Termino, esta primeira reflexão sobre esta matéria, e digo primeira porque pretendo voltar ao assunto, reiterando, para que não restem duvidas, que não estou aqui a apontar o dedo a ninguém e muito menos aos professores que cumprem ordens e precisam apresentar resultados, mas faço a devida vénia aos que são capazes de remar contra a maré e que focalizam o seu trabalho, naquilo que é realmente importante – o aluno e a sua formação / educação.
Este é um problema da sociedade como um todo mas cabe a quem decide as políticas educativas deste país, perceber que num país tão assimétrico do ponto de vista social, a Educação é um bem precioso e não pode tratar igual, aquilo que é diferente.
Graça Costa
Socióloga
*Artigo não escrito ao abrigo do acordo ortográfico

( artigo publicado esta semana no Jornal Cidade de Tomar )

PASSIVIDADE E PASMACEIRA

Ontem só saí da cama para ver o Mário de Sá-Carneiro. Tinha estado a beber no Pátio, em Vila do Conde, com a Ana e com o António e, não sei o que me deu, estive na cama o dia (quase) todo. "Ah, que me metam entre cobertores e não me façam mais nada...". A verdade é que não li nem produzi. O que é certo é que volto à rua e esta gente está sempre na mesma. Sempre as mesmas conversas. Nenhum rasgo. Nenhum golpe de génio. Nenhum episódio digno dos romances de Henry Miller. Esta gente satisfaz-se com esta merda, com esta pasmaceira, contenta-se com a porra da rotina, não quer explosões nem revoluções. Eu, pelo contrário, quero isto a arder, a rebentar, não me conformo com "as risadas e as doces mentiras". Sinceramente vejo muita passividade nos meus semelhantes, culpo-os por aceitarem o "Big Brother" e o capitalismo. Culpo-os por, em dada altura, não se terem questionado, não se terem revoltado. Só uma pequena parte o faz. De resto, levam uma vida sem brilho, uma vida sempre igual, sem elevação, sem imaginação. São macacos que trepam em busca do dinheiro e do poder. São macacos que intrigam, que se invejam. Não, mil vezes estar só. Mil vezes permanecer a escrever. Mil vezes ser como Nietzsche. Mil vezes ser Zaratustra, o solitário. Se eu fosse pregar para o meio deles o que me aconteceria? De resto, eu até estou a apurar as minhas qualidades de pregador. Mas o que me aconteceria? A grande maioria mandar-me-ia passear. Seria? Veremos. Por outro lado, é chegada a hora de falar às multidões. Tenho consciência disso. Sou um pensador e tenho sido um pregador na escrita. Tenho pena desta gente. Sempre com a sua vidinha de compra e venda. Nenhuma novidade. Nenhuma curiosidade. Nenhuma filosofia. Eu posso ter os meus defeitos mas o mundo está quase perdido. Guerras, offshores, terrorismo, pilhagens, sacanagens, capitalismo. Aqui nada há de novo. Nem mulheres bonitas. As pessoas estão mortas. Quase todas. Não se passa nada. Absolutamente nada. A não ser na minha cabeça.

O 25 DE ABRIL MAIS TRISTE


Este 25 de Abril foi, para mim, muito triste. Assisti na TV durante o dia aos festejos, manifestações e entrevistas àquele povo anónimo que, interrogado o que mais recordava sobre a data, respondia invariavelmente ter sido graças à revolução dos cravas (cedência à igualdade de géneros do BE) que o próprio, algum parente chegado ou afastado tinha sido libertado da prisão. E eu cada vez mais envergonhado, deixando-me escorregar pelo sofá para esconder a vergonha de não ter um parente directo ou por afinidade que para o caso também servia naquela situação. Deste vulgar cidadão sem passado antifascista nem currículo presidiário, por muitas voltas que dei à cabeça, nada. Lembrei do avô materno ter fugido para o Brasil, mas como sou honesto era incapaz de invocar o caso, pois a fuga foi por motivos passionais. Ainda pensei quando meti sal no açucareiro a um agente da PIDE, mas para ser franco, a minha antipatia advinha por vê-lo a tratar com muita arrogância os empregados de mesa do restaurante onde jantava em Dili. Já quase a desistir, veio-me à memória o episódio passado também em Timor quando o meu chefe, capitão do exercito, foi injusto, acusando-me num caso sem razão. Deixando-o sair do local, e já a imagina-lo bem longe, insultei-o do pior chegando a acusa-lo que era por haver gente como ele, um sustentáculo do regime, que eu estava ali tão longe de casa. Pelos vistos, não se tinha afastado o suficiente, ouviu o meu desabafo, entrou e sem nada dizer colocou sobre a secretária o RDM aberto na página que previa o castigo para tais casos. Na época, fiquei satisfeito por me ter safado da "porrada", mas que hoje serviria em cheio para também poder alegar ter passado pela prisão no tempo da outra senhora. Agora só me resta arranjar um psicólogo que me tire este pesadelo e pedir que ninguém leia esta carta que levará ao desprezo a que irei ser votado, por não ter passado antifascista. Jorge Morais

 

Publicada no Jornal METRO de 29.04.2016


PS
Se os jornais soubessem o mal que causam publicando textos com déficit de literacia causando com isso que haja gentinha obrigada a deliciar-se com caca de cão, não publicavam isto. Já alertei um director para o problema  mas respondeu-me que agora há liberdade de imprensa e de nada adianta haver bufos a tentarem impedir.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

A Vida por Tolentino de Mendonça

“A vida é completamente artesanal. Não é possível reproduzi-la em série, nem encontra-la feita noutro lado. A vida requer a paciência do oleiro, que, para fazer um vaso que o satisfaça, faz duzentos só a treinar o gosto, a habilidade, a testar a sua ideia.”
“Privamo-nos a nós próprios do tempo necessário para colher o sabor, o silêncio ou as cintilações que temperam a vida. No atropelo ofegante a que nos entregamos há um crescente alheamento de nós próprios. Não lhe damos o estatuto de patologia, mas esta desertificação da vida interior disfarçada de eficácia o que é senão isso? As nossas sociedades medem infelizmente o seu progresso esquecendo, quando não obliterando, domínios da vida humana que não são mensuráveis e que têm a ver com a interioridade, a criação, o dom, a alegria, o sentido.”
Para além …

Tu gritas e a tua voz não se ouve …
Tu pensas … Ninguém te compreende!
Talvez sejas um sonho
E só vejam o espaço do corpo onde vegetas.


Mas não desistas!
Os teus sonhos podem viver onde não estejas!
E, assim, estarás onde ninguém te vê.


Tu és só alma!
E para ti
Não há contornos ou lei …


Joaquim Carreira Tapadinhas - Montijo




NOGUEIRA A MINISTRO, JÁ!

 

"O Ministério da Educação propôs mais encontros com os sindicatos dos professores. Nessas reuniões, serão avaliadas as políticas do ministério e propostas novas medidas para a Educação". Este foi um despacho do DN, que é bem elucidativo da postura do ministro da Educação neste governo. Aliás, agora percebemos bem melhor porque o seu Secretário de Estado bateu recentemente com a porta. O dirigente sindical da FENPROF, verdadeiro geronte com décadas consecutivas no lugar, tem boicotado todas as políticas de educação deste país, de todos os governos sem distinção, sejam de esquerda ou de direita. Conseguiu o que queria. Estar na cadeira do poder, sem ter de arcar com as responsabilidades e inconvenientes. Só que por mais que esta solução lhe agrade, não agrada certamente a muitos portugueses, que votaram em partidos para exercerem o poder, não votaram na FENPROF, nem na CGTP, de que a primeira faz parte. Se outros ministros viessem a seguir este triste exemplo, Portugal seria indirectamente governado pelos sindicatos. Que rica "democracia"! Nem na Venezuela de Chavez se chegou a tanto. Mas será que o PM alguma vez pensou estratégicamente? Já pensou que este ministro já foi "educado" com muitos critérios facilitistas desde o 25 de Abril, mas que então a partir de agora, sem quaisquer avaliações de professores (como a FENPROF tem defendido), os educandos, futuros dirigentes deste País, ficarão "handicapados" face aos seus contemporâneos de outros países mais exigentes? Santa paciência, haja quem mande, senão ainda voltamos à idade da pedra!

Dois pensamentos do dia


1 - Já não é necessário agir ‘pela calada da noite’ para se cometerem grandes patifarias. Em ‘plena luz do dia’ elas são cometidas com ‘todo o à-vontade’, como se fossem boas acções.
2 – Se os governantes interferissem na vida das aves do céu, como o fazem em relação aos povos que governam, elas nasceriam sem asas para voar e sonhar.
José Amaral

AINDA E SEMPRE O 25 DE ABRIL


Tal como o 14 de Agosto de 1385, o 1º de Dezembro de 1640, ou o 5 de Outubro de 1910, o 25 de Abril de 1974, está gravado a letras de ouro na história de Portugal. Pôs termo a uma ditadura que amordaçou este povo durante quase meio século e a uma guerra imposta a outros povos e ao nosso. A grande desilusão em relação às expectativas que gerou, não são culpa do 25 de Abril. Dos seus nobres ideais. São culpa dos 3 partidos que há 40 anos nos (des)governam, de quem sucessivamente os elege, e dos que se estão nas tintas para eleições e para outros atos cívicos de interesse coletivo. Portanto,temos o país que merecemos. Por isso,é verdade que as portas que Abril abriu, já estão apenas entreabertas. Mas, podem sempre voltar a escancarar-se. Está, como sempre, nas nossas mãos. Nas mãos dos portugueses. Nas mãos do povo. Abril é eterno!

PS Sai Segunda Feira no Destaque. Como tantos outros textos, enviei também para o DN que ainda não publicou,como não publicou tantos outros. Antes do actual director, publicava-me quase todos.

PÚBLICO QUA 27 ABR 2016


O PR (e bem) a unir e parte do anterior Governo contra tudo



Como seria de esperar temos o PR, Marcelo Rebelo de Sousa, muito bem na Presidência da República, a “puxar” pela unidade do país e com o Governo actual legítima e democraticamente eleito, e a pedir “humildade” aos que hoje estão, necessariamente, na oposição. E parte destes — e ainda bem que nem todos, dado que a direita mais à direita parece mais “civilizada” — não escondem o desgosto de não continuarem governo.

Bem, como o nosso PR bem entendeu e a maioria de nós — mais de 50%, faz maioria! —, o Governo que hoje tem possibilidade de o ser é o que lá está, ponto. E até na Desunião Europeia já está como adquirido que este é o Governo.

(...) E o actual Governo tem feito os possíveis por ser governo. E tem tentado dar mais ânimo à população e ao país, o que não é fácil, até por termos todos ainda alguns vícios da Ditadura que não passaram completamente ao fim destes 42 anos, e ainda há muita “saudade” de ter alguém que nos trace o destino e nos obrigue a “ir por ali”. (...) Pelo que os que “não” estão lá, por não terem como estar, deveriam olhar o país como o que deve ser defendido e não unicamente os seus postos, o seu poleiro, o seu futuro político.

Esperemos que o Governo consiga fazer obra, uma vez que na economia e no emprego muito está por fazer, e continuemos a contar com o actual Presidente da República que neste tempo nada fácil está a fazer muito bem o que não foi feito nos últimos mais de dez anos.



Augusto Küttner de Magalhães,

Porto

MERCENÁRIOS

                                                                            O BARRADAS

Quando dizer mal dos lutadores da liberdade, passada a curta “lua de mel” do 25 de Abril, começou a dar lucro, não faltou gentinha sem honra nem dignidade disposta a esse desgraçado papel, a troco de qualquer coisa.
Um desses cavaleiros de triste figura era o Barradas, que vendia as suas patacoadas através dum jornal do Porto, e gozava dos favores de cada vez maior clientela. De facto, qualquer que fosse a direcção que tomasse, no início do meu dia de trabalho, era raro a primeira conversa não ser à volta do sujeito, com a pergunta se já tinha lido o Barradas, que cada vez estava melhor…
Não tinha lido, nem nunca cheguei a ler o tal plumitivo, sendo a primeira razão por o dele não ser o meu jornal, e as outras razões todas a triste fama do escrevinhador, para quem valia tudo na tentativa de beliscar o prestígio daqueles a quem devíamos a liberdade, quer os que deram o passo decisivo na concretização da mudança, quer os  que ao longo de anos de muito sofrimento lhes prepararam o caminho.
Aquele Barradas, tanto quanto me recordo, acabou por ter um fim triste, como quase sempre acontece com tudo que não presta; mas outros do mesmo jaez lhe foram sucedendo ao longo do tempo e não falta disso por aí hoje; acontece até, no mesmo curro, medrar uma manada deles e pelo mesmo motivo: há clientela para as suas alarvidades, clientela cuja péssima formação cívica e baixo nível de literacia, em todos os aspectos, só entende essa forma de “jornalismo”.Alguns até se acham muito engraçados; só que eles a fazer graça, e um cão a fazer caca, ainda o cão consegue ser mais divertido.
Sucede por vezes a genialidade de algum deles dar nas vistas dos “headhunter” e acabar por aceitar lugar no Governo, como aconteceu a certo Lomba, e foi o ridículo que todos viram…

                                             Amândio G. Martins



A 28 DE ABRIL DE 1855, NASCE O PINTOR JOSÉ MALHOA

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A 28 de Abril de 1855, nasce, nas Caldas da Rainha, o pintor, desenhista e professor português José Vital Branco Malhoa. Entre as suas obras mais emblemáticas poder-se-á citar a tela O Fado de 1910. Tendo mais algumas obras editadas como, O Ateliê do Artista (1893/4); Os Bêbados (1907); Praia das Maçãs (1918); Clara (1918); Primavera (1918); Conversa com Vizinho (1932).
Morreu a 26 de Outubro de 1933, em Figueiró dos Vinhos, foi sepultado no Cemitério dos Prazeres em Lisboa.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Desde que me conheço


Desde que me conheço os combustíveis em Espanha foram sempre mais baratos.
Em tempos idos, ao chegar à fronteira, ia-se em filinha abastecer o carrito, já no casco, na estação de serviço mais próxima. Mas estávamos no tempo da ditadura, lá e cá.
Hoje, numa democracia cinco estrelas, são milhares de milhares de euros que ficam em Espanha, porque os combustíveis continuam mais baratos lá, provocando graves prejuízos à nossa magra Economia, cada vez mais raquítica.
E porque será, perguntamos todos? Não será por a Espanha estar sem governo há mais de seis meses?
Há tempos, também os belgas estiveram muito tempo sem governação e a ‘coisa’ continuou andando. Ninguém foi à bancarrota, nem ‘a casa veio abaixo’.
Então, será que sem governo os povos governam-se melhor? Ou fazendo a pergunta de outro ponto de vista: os governos, com máquinas cada vez mais pesadas e caras, não serão um insustentável sorvedouro de bens públicos e incomportáveis para as posses do cidadão comum, que a todos sustenta e tudo aguenta, com muita corrupção à mistura?
Responda quem souber.

José Amaral


Paulo Baldaia II

Paulo Baldaia, diretor da TSF, usou o Facebook para comentar o caso-Banif, numa altura em que o banco acaba de ser vendido ao Santander, num negócio com custo elevado para os contribuintes. Baldaia fala numa "vergonha", deita por terra o Governo de Passos Coelho e sugere ao PSD "aplaudir de pé" António Costa, pelo facto de o primeiro-ministro ter dado a cara.

O primeiro-ministro António Costa fez ontem uma declaração ao país, onde deu conta de um negócio ruinoso para os contribuintes – que se simplifica com um encaixe de 150 milhões de euros pela venda do Banif, mas com perdas para o Estado e para os contribuintes de 700 milhões de euros.

António Costa admitiu que este foi o mal menor e revelou que o problema do Banif foi escondido desde o início do ano.

Um curto post de Paulo Baldaia no Facebook, em reação ao problema do Banif, foi extremamente duro para com o anterior Governo. O diretor da TSF fala numa "vergonha" e sugere mesmo aos sociais-democratas que aplaudissem Costa "de pé e cabeça baixa".

"António Costa veio hoje dar a cara pela solução que foi encontrada para o Banif. O que é mesmo lamentável, vergonhoso mesmo, é que tudo tenha sido decidido em cima do joelho, tornando a resolução pior do que podia ter sido", começou por escrever Baldaia.

A ideia forte vem no parágrafo seguinte, que é reproduzido, ipsis verbis, sem mudar uma vírgula.

"O que o anterior governo fez com este processo, escondendo a porcaria debaixo do tapete, para não ter mais uma chatice a caminho das eleições, é vergonhoso e imperdoável. O melhor que o PSD tem a fazer é aplaudir de pé e cabeça baixa. Costa até nisso lhes deu uma lição. Deu a cara pela decisão, não se escondeu", escreveu.

Transcrito por Jorge Morais

Os vampiros continuam aí

Comemoramos 42 anos do libertador 25 de Abril.

Mas os vampiros continuam aí, mais tecnológicos, globalizados e institucionalizados, mas mantendo-se como «mordomos do universo» e «mandadores sem lei», com a mesma intenção de tudo comerem, como nos alertou José Afonso na sua canção.

União Europeia (U.E.), Fundo Monetário Internacional (F.M.I.) e Banco Central Europeu (B.C.E.) prosseguem vampirando e chantageando, preocupados com os cortes que cessaram em salários e pensões, com a nesga de esperança e reposição de alguma justiça social, que o resultado das eleições de 4 de Outubro de 2015 veio proporcionar à maioria dos portugueses.

Quase diariamente somos massacrados com recomendações maléficas e de intromissão na soberania de Portugal dos representantes da U.E., F.M.I e B.C.E., tentando travar o aumento de salários a começar pelo mínimo, insistindo em reduzir pensões, pretendendo alterações nas leis eleitorais e na Constituição da República, para imporem mais austeridade e empobrecimento.


U.E., F.M.I. e B.C.E. tiveram que deixar os bastidores, entrar em cena mais activamente e dar a cara «com seu ar sisudo», face à derrota e substituição dos seus mais fiéis acólitos e porta-vozes instalados no anterior governo PSD/CDS, pelo que não nos devemos enganar, nem franquear as portas, porque «eles comem tudo e não deixam nada».

NATUREZA VIVA

                                                            BELEZA POR TODO O LADO

Há umas semanas que venho observando, daqui do meu canto de leituras e escritas, através da janela, a azáfama da passarada, sobretudo melros, mais vistosos, a pontilharem de ninhos a sebe alta, de múltiplos arbustos e trepadeiras que me protege a privacidade.
Ao ninho que me fica mais ao alcance da vista, tenho visto tudo desde o início, os cuidados da ave ao transportar para lá todo o material necessário, nunca indo directamente para o sítio, mas pousando, com a carga no bico, olhando à volta, no loureiro, no limoeiro, na figueira, de galho em galho até ao salto final…
Percebi que, por mais próximo que eu esteja do vidro, de fora para dentro não dão pela minha presença, certamente pelo efeito “espelho”, o que me permite “espiar” à vontade. Este ninho já tem crias e é impressionante como são comilões, obrigando os pais a um trabalho constante; ainda a comida não chegou bem lá e já estão com os bicos abertos, ao pressentí-la próximo.
Há cuidados importantes a ter, nesta fase da procriação, como não aparar as sebes, embora pouca gente se “rale” com isso. Aprendi há muito que se deve fazer esse trabalho com antecedência, para não ser necessário mexer muito quando há ninhos, que, sendo postos a descoberto, pouco que seja, os melros, sobretudo estes, abandonam logo e vão fazer tudo de novo noutro sítio.


                                             Amândio G. Martins

Paulo Baldaia - TSF



A suprema hipocrisia das esquerdas


Andamos nisto quase desde o início. O Bloco e o PCP, à vez cada um ou os dois juntos, acham normal estar contra medidas estruturais do governo socialista, não os chumbar, mas fazerem de conta que não têm responsabilidade nenhuma.
Depois de repetirem à exaustão que o orçamento do Estado que aprovaram não era o orçamento deles e de lhes apontarem inúmeras expectativas não cumpridas, agora é o Programa de Estabilidade que manifestamente não agrada ao Partido Comunista, mas que vai seguir em frente porque as esquerdas se recusam levá-lo a votação, como pretende o CDS.
A ideia do CDS está a "roçar a chicana política", como diz o PCP? Pode ser que sim, mas em nada é diferente de outras ideias do género dos restantes partidos, noutras alturas. Alguém achará normal que Jerónimo de Sousa diga que o PCP não apoia o Programa de Estabilidade, mas não o queira votado e chumbado?
Até quando poderão os partidos de esquerda enganar o seu eleitorado, dizendo que não têm nada a ver com aquilo que só eles são capazes de viabilizar? Esta tarde, o Programa de Estabilidade não vai a votos e pode seguir para negociações em Bruxelas e isso só é possível porque o Bloco e o PCP o permitem. Este também é o seu Programa de Estabilidade. Querer afirmar o contrário é a suprema das hipocrisias políticas.

Transcrito por Jorge Morais