domingo, 17 de abril de 2016

PETIÇÃO PARA SE RESPEITAREM OS GENERAIS





Temos tantos generais e umas tropas tão pequeninas! Um destes dias começam a participar em paradas, a fazerem guardas de honra, no aeroporto Figo Maduro, na praça da Assembleia, no dia de Portugal e da raça, só para escovarem o tédio, para terem picos controlados de adrenalina, logo amainarem, e não fazerem conspirações nas mesas das messes.

Conspirações não, bocejos de queixume, desabafos pífios, nos intervalos das refeições enquanto os amanuenses não servem o toucinho do céu.

Coitados dos generais, sem generalato! Servir uma pátria assim, que os desconsidera! Heróis das guerras antigas, e de outras nas suas cabeças. Acusá-los de discriminação de género!

Até os não generais, os que ficaram à porta de o serem, saem em sua defesa. A ameaçarem não pôr o cravo na lapela dos casacos mofentos, no fim de semana de Abril, no único dia que ainda saem à rua.

Não fizeram a revolução para agora serem discriminados, só porque discriminam. Era o que faltava!

Têm toda a razão. Há matérias que são intocáveis. O clube, a corporação, a associação de beneficência, o banquinho (não os dos jardins), estão acima de suspeita, suspeição, inveja alheia, enxovalho.

Há limites para tudo, os tachos e as panelas são de quem os possui, não se partilham.

Não foi para isto que se fez o 25 de Abril. Foi para quê?

O que estraga o ambiente deste país, que podia ter bons ares, são eles, essa populaça que ainda palita os dentes.

Pagassem impostos que se vissem, como tinha que ser (a austeridade não é barata e ninguém os mandou comprarem telemóveis topo de gama, a prestações), e os generais não fariam discriminações, teriam todos estrelas luzentes nos ombros. Já descaídos é certo pelo peso do medalhame que trazem ao peito nos seus dólmens cinzentos, lindos, lindos.


E o povo agastado de pagar tanto imposto, mesmo assim, solidário e contente com os seus generais, viria para a rua em festejo, acenando com as bandeirinhas de Portugal, aos seus generais, perfilados e dignos, no palanque das comemorações.

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