Temos tantos generais e umas tropas tão pequeninas! Um destes
dias começam a participar em paradas, a fazerem guardas de honra, no aeroporto
Figo Maduro, na praça da Assembleia, no dia de Portugal e da raça, só para
escovarem o tédio, para terem picos controlados de adrenalina, logo amainarem, e
não fazerem conspirações nas mesas das messes.
Conspirações não, bocejos de queixume, desabafos pífios, nos
intervalos das refeições enquanto os amanuenses não servem o toucinho do céu.
Coitados dos generais, sem generalato! Servir uma pátria assim,
que os desconsidera! Heróis das guerras antigas, e de outras nas suas cabeças. Acusá-los
de discriminação de género!
Até os não generais, os que ficaram à porta de o serem, saem em
sua defesa. A ameaçarem não pôr o cravo na lapela dos casacos mofentos, no fim
de semana de Abril, no único dia que ainda saem à rua.
Não fizeram a revolução para agora serem discriminados, só
porque discriminam. Era o que faltava!
Têm toda a razão. Há matérias que são intocáveis. O clube, a
corporação, a associação de beneficência, o banquinho (não os dos jardins),
estão acima de suspeita, suspeição, inveja alheia, enxovalho.
Há limites para tudo, os tachos e as panelas são de quem os
possui, não se partilham.
Não foi para isto que se fez o 25 de Abril. Foi para quê?
O que estraga o ambiente deste país, que podia ter bons ares,
são eles, essa populaça que ainda palita os dentes.
Pagassem impostos que se vissem, como tinha que ser (a austeridade
não é barata e ninguém os mandou comprarem telemóveis topo de gama, a
prestações), e os generais não fariam discriminações, teriam todos estrelas
luzentes nos ombros. Já descaídos é certo pelo peso do medalhame que trazem ao peito nos seus dólmens cinzentos, lindos,
lindos.
E o povo agastado de pagar tanto imposto, mesmo assim, solidário
e contente com os seus generais, viria para a rua em festejo, acenando com as
bandeirinhas de Portugal, aos seus generais, perfilados e dignos, no palanque
das comemorações.
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