Qualquer cidadão comum, que nunca entrou em ‘esquemas’,
acredita piamente em tudo que ouve a alguém que julga ser mais conhecedor e
honesto do que ele próprio, acerca das leis de economia, pelo que, confiando,
não se apercebe como tem sido ‘enxofrado’ vezes sem conta de que tem andado a
viver muito acima das suas possibilidades. Logo, pecaminosamente, levou Portugal
à bancarrota.
Então, o que dizer dos ‘soberbos’ trabalhadores que ganham
o OMN – ordenado mínimo nacional – e aqueloutros ‘preguiçosos’ que se aboletam
ao ‘magnífico’ RSI – rendimento social de inserção -, para já não falar dos ‘ociosos’
desempregados e dos que demandaram outras terras?
Foram eles – e apenas eles -os ‘criminosos da pior espécie’
que descapitalizaram as empresas, saquearam os bancos, embrenharam-se em alvos
negócios escuros, e tudo que arrebanharam – fruto do seu exemplar trabalho –
foi parar a paraísos fiscais, de onde o dinheiro sai esterilizado e mais branco
que as alvas asas dos mais puros anjos, querubins e serafins.
Por isso, em um qualquer Dia de Portugal, condecorem-se
todos aqueles ‘honestos’ cidadãos que tudo – em patifarias – têm feito ao comum
cidadão e à Pátria: os ‘filantropos’ banqueiros que limparam os seus bancos
deixando-os sem cheta; os ‘bem-intencionados’ políticos que também têm
chafurdado no mundo escuro do crime e da banca saqueada, tendo em conta a ‘zelosa’
procura de uma luz ao fundo do túnel para se porem ao fresco, e não nos
esquecendo dos ´zelosos’ administradores e suas ‘humildes’ direcções que estoicamente
descapitalizaram as empresas, pondo a bom recato os chorudos dividendos e
outras tenças douradas nos ‘tenebrosos’ paraísos fiscais. Isto é, que seja
agraciada – com toda a pompa e circunstância - toda esta canalha que tão
decisivamente tem saqueado a Nação e ultrajado a memória colectiva dos seus
egrégios avós.
José Amaral
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