O BARRADAS
Quando dizer
mal dos lutadores da liberdade, passada a curta “lua de mel” do 25 de Abril,
começou a dar lucro, não faltou gentinha sem honra nem dignidade disposta a esse
desgraçado papel, a troco de qualquer coisa.
Um desses
cavaleiros de triste figura era o Barradas, que vendia as suas patacoadas
através dum jornal do Porto, e gozava dos favores de cada vez maior clientela.
De facto, qualquer que fosse a direcção que tomasse, no início do meu dia de
trabalho, era raro a primeira conversa não ser à volta do sujeito, com a pergunta
se já tinha lido o Barradas, que cada vez estava melhor…
Não tinha
lido, nem nunca cheguei a ler o tal plumitivo, sendo a primeira razão por o
dele não ser o meu jornal, e as outras razões todas a triste fama do
escrevinhador, para quem valia tudo na tentativa de beliscar o prestígio
daqueles a quem devíamos a liberdade, quer os que deram o passo decisivo na
concretização da mudança, quer os que ao
longo de anos de muito sofrimento lhes prepararam o caminho.
Aquele
Barradas, tanto quanto me recordo, acabou por ter um fim triste, como quase
sempre acontece com tudo que não presta; mas outros do mesmo jaez lhe foram
sucedendo ao longo do tempo e não falta disso por aí hoje; acontece até, no
mesmo curro, medrar uma manada deles e pelo mesmo motivo: há clientela para as suas
alarvidades, clientela cuja péssima formação cívica e baixo nível de literacia,
em todos os aspectos, só entende essa forma de “jornalismo”.Alguns até se acham
muito engraçados; só que eles a fazer graça, e um cão a fazer caca, ainda o cão
consegue ser mais divertido.
Sucede por
vezes a genialidade de algum deles dar nas vistas dos “headhunter” e acabar por
aceitar lugar no Governo, como aconteceu a certo Lomba, e foi o ridículo que
todos viram…
Amândio G. Martins
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