sábado, 1 de julho de 2017


O “destrabalho” das juntas médicas

“Junta médica considera professora com doença de Alzheimer apta para dar aulas”

É este o título de um artigo no Público de 25/6/2017.

Contextualizado por um esclarecedor dossier, o assunto é sério. Mas é de tal modo deprimente que, para (também) não ficarmos doentes, o melhor é abordá-lo com a ironia.

Uma junta "médica" (as aspas são"medicinais") com uma interpretação maximalista do provérbio: "O trabalho dá saúde". E, assim, aconselha os doentes a trabalharem.

Uma junta "médica" diligente na "Reforma do Estado", ao contribuir para o combate ao absentismo, ...através do presentismo.

Uma junta “médica” "amiga" da Escola, garantindo aos alunos a “presença” da professora e, a esta, a “saúde” que o trabalho lhe “dá”.

Uma junta "médica" amiga da criação de emprego no Serviço Nacional de Saúde, pois que, se "o trabalho dá saúde", a saúde (de que a professora vai precisar mais) dá trabalho.

Para além disso, uma junta "médica" inspiradora "póstuma" de grandes pensadores:

do eminente professor portuense Abel Salazar: "Quem só sabe medicina nem medicina sabe"; do grande Alexandre O'Neill: "Quando o burocrata trabalha é pior do que quando destrabalha..." (GUICHÊ /1 - in "Entre a Cortina e a Vidraça", 1972).
João Fraga de Oliveira

(Enviado ao Público em 27/6/2017.  Não publicado,… ou, se quiserem, “guilhotinado”)

2 comentários:

  1. O PÚBLICO de "David Dinis S.A."?!... Não posso acreditar!...

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  2. Esse mesmo. A "dificuldade" em acreditar é, de certeza, ironia, amigo Fernando...

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