A verdade à americana
Na habitual coluna da página dois do JN, preenchida por um
membro da direcção, Vitor Santos, editor-executivo-adjunto escreve, sob o
título em epígrafe, que “Os Estados Unidos deram ontem um passo atrás, na
Asembleia Geral das Nações Unidas, ao votarem contra o fim do bloqueio a Cuba,
que se mantém desde 1959.
Depois dos sinais de abertura oferecidos durante a
presidência de Obama, este regresso ao passado é tudo menos surpreendente,
apenas merecendo nota o facto de a actual administração nem sequer se preocupar
em rever a natureza dos argumentos. Podia procurar torná-los, pelo menos, mais
originais, pois estes tresandam a mofo.Votam contra, e votarão sempre,
“enquanto o povo cubano estiver privado dos seus direitos”.
Esta continua a ser a argumentação, uma narrativa – certa ou
errada, não é isso que está em causa – com mais de meio século, pensada num
tempo em que o patriarca da Casa Branca vendia facilmente a imagem que queria,
porque a comunicação era francamente mais difícil. A informação chega pelos
mais diversos canais, os nossos jovens tem-na ao alcance dos dedos, e assim percebem
com toda a facilidade que os Estados Unidos não se preocupam nem um bocadinho
com os direitos dos povos, já que cultivam, noutros meridianos, boas relações
com algumas das ditaduras mais obscenas do mundo.
O argumento de defender os direitos das pessoas, nesses
casos, é esquecido em função de outro qualquer. E fica por isso mais fácil
perceber que não é por gostar mito do povo cubano que a lei norte-americana
prevê o bloqueio a Cuba.
Perante tão esfarrapada argumentação e com tanta informação
disponível, como queremos, depois, alicerçados nesta cultura da mentira, manter
as novas gerações mobilizadas para a política e para a participação cívica?
Este não é o caminho, seguramente... Entendo que, nesta altura, o grande
desafio dos responsáveis políticos devia ser o de credibilizar, de aproveitar
para dar exemplos de verdade, pois é isto que todos esperam de alguém a quem se
confia uma parte importante do futuro colectivo”.
Transcrito por Amândio G. Martins
Assino por baixo.
ResponderEliminarEsqueci-me de referir que o supracitado texto é do dia 2 pp...
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