Podia-se também chamar, “O joelho de Claire”, mas isso
remetia-nos para os anos setenta, e para o filme de Eric Rohmer, “Le genou de
Claire”, de onde aspirei o título, mas
o romance era bem diferente, daquele que está a acontecer nos dias de hoje por
quase todo mundo, seja ele montado, em Hollywood, na Sala Oval da Casa Branca,
ou em qualquer gabinete ministerial, sala de professores, de advogados, por
detrás de altar com a vela acesa, ou numa conferência de imprensa. O certo, é
que começaram a sair dos armários, as ofendidas, que se apresentam
religiosamente ao fim de mais de dez anos e quinze, a queixarem-se de terem
sido vítimas de assédio, por palavras e actos, mexidas e remexidas, tocadas e
até violadas. A coisa se não tem graça, a culpa não será deste guionista, que
se aventura a levar com críticas severas, pelos paladinos defensores de
donzelas gulosas e ambiciosas, e sobretudo provocadoras, mas com credos e
versões na boca. Perguntamos nós, quanto vale um joelho, que um “fallen short”
põe à mostra? E se o dono dele for uma jornalista, quer ela se chame, Béatrice,
Laurence, Mariana, ou Júlia Hartley-Brewer? Será que tal denúncia feita ao fim
de tantos anos tem maior credibilidade e impacto, do que um chapadão dado logo
no momento do atrevimento, no homem que a apalpou? E terá valido a pena ao
ministro atrevido tê-lo feito, e ter sido hoje obrigado a demitir-se do governo
e da Pasta da Defesa, para se defender já com a moral em baixo e de mãos
encolhidas e a arma a abanar? Não estará neste desnudado processo e arrojada
moda, um pudor renascido e a mira de obtenção de vantagem ou protagonismo em
tanto drama levado a cena, contado tardiamente? Não estará descoberto pelos
jornalistas agora, uma forma inventiva e fórmula de destruir actores e
ministros, e deitar abaixo governos de que se não goste, quando, enquanto
anónimos, “consentiram” remeterem-se ao silêncio durante anos a fio, porque
interesses e valores mais altos se levantavam, e a suas carreiras mereciam
outra sorte e melhor vida? Serão legítimas estas interrogações, e ao mesmo
tempo apoiar as denúncias trazidas a conta-gotas para os mídia, às vezes
divertidos com tudo isto, e também muito distraídos ou comprometidos? No que
nos diz respeito, entendo que em todas estas práticas, há que delas concluir,
que é urgente e necessário, que de uma vez por todas, as assediadas,
maltratadas e desrespeitadas personagens de verdade, não se calem por um só
segundo e ataquem de imediato quem as ofende, seja em que palco for,
atingindo-os nas partes que mais doem, mesmo que estejam em pijama ou em
calção. O que é preciso, é mira, e um bom chuto, sem pensar no ouro e no
diamante que podem perder no percurso da sua vida. O silêncio estratégico, é
que as fragiliza, e isso aconteceu, não o podem negar, agora armadas em
donzelas virgens, pelas redacções onde escrevem, ou pelas peças que interpretam
quando fazem cinema e… aberto teatro. Às vezes com fantasia a mais!
Sem defender o acto do assédio sexual, longe disso, vejo muito oportunismo sádico em muitas das denúncias. E não digo mais nada, porque se a palavra é prata nalgumas vezes, o silêncio é de ouro em muitas vezes mais.
ResponderEliminarSe a palavra 'é prata nalgumas vezes', dou o ouro a quem o quiser, pois silenciado não ficarei.
ResponderEliminarE podem em mim zurzir, mas estou com tudo que o meu Caro mouraria-mouraria acima escreveu com mão de mestre.
De facto, como os 'violadores' já não têm préstimo, as 'virgens' vêm a terreiro para que alguém lhes faça um livro para ser lido nas cinzas do fogo que pregaram.
É preciso valorizar a palavra no seu sentido mais universal. Quando os presos políticos são, ou foram, castigados por não denunciarem certos actos, ou camaradas neles intervenientes, nessas situações, e noutras análogas, o silêncio é de ouro. As palavras devem ser proferidas com muita sabedoria, porque, utilizadas a esmo, podem ferir sem necessidade e sem qualquer proveito. Os ditados antigos encerram a sabedoria de séculos e devem ser meditados. Um abraço à rapaziada que vai animando este blogue, que, pouco a pouco, está a transformar-se numa caixa de arquivo.
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