Com o título, "É urgente salvar o Atlético Clube da extinção", vim a este mesmo espaço do jornal RECORD, "Escrevem os Leitores", no passado dia 16 de março de 2017, fazer como que uma espécie de apelo para que os principais responsáveis que, na altura, se encontravam à frente dos destinos deste simpático clube da capital e do bairro de Alcântara/Santo Amaro, não deixassem chegar ao ponto de o fazerem cair, ao ponto de provocarem a sua total extinção.
Mas, infelizmente, parece que as minhas previsões na altura em que tinha escrito este tema e quiçá o meu 'faro' e sentido de análise na altura estão decerto perto, para total tristeza deste adepto, dado estar praticamente e infelizmente quase a concretizar-se como destino do Atlético Clube de Portugal o seu fim. Este 'pequeno-grande' e simpático clube lisboeta, que neste ano de 2017 comemorou a bonita idade de 75 anos, isto é, tendo celebrado as suas bodas de diamante, é, ou foi um dos históricos clubes de Portugal e um dos quatro maiores clubes da cidade de Lisboa, tendo sido em épocas recuadas uma das grandes potências do futebol luso, tendo chegado em muitas ocasiões a bater o pé aos chamados 'grandes', em especial, quando os mesmos eram recebidos no seu Estádio da Tapadinha, hoje praticamente ao total abandono.
Este histórico clube da cidade de Lisboa, de seu nome Atlético Clube de Portugal, foi fundado a 18 de setembro de 1942, resultado da fusão de outros dois clubes das freguesias de Alcântara e Santo Amaro – o Carcavelinhos Foot-ball Clube e a União Foot-ball Lisboa.
Desde a má época de 2016/17, em que a sua equipa sénior de futebol caiu no Campeonato de Portugal, no qual foi verificando que jogo após jogo e lentamente ia gradualmente a cair, previa este autor que o Atlético estava à beira de poder vir a ser despromovido à divisão da AFL-Pró-Nacional, o que seria uma situação praticamente inédita para o clube alcantarense…
Infelizmente, as 'minhas' previsões na altura bateram certo, acabando assim mais um emblema histórico, como tem vindo a acontecer a tantos outros que têm vindo a desaparecer no 'mapa' do panorama do futebol português, devido a gestões ruinosas por parte de 'gentalha' que não pertence ao mundo do futebol. E como gestores? Péssimos, com pouco escrúpulos e pouco sabedores da matéria.
Assim, cai mais um emblema histórico, como tem acontecido a tantos outros que, ou são despromovidos prematuramente, ou acabam simplesmente por desaparecer da cena do futebol sénior, devido, repito, e não me canso de afirmar, a gestões ruinosas de 'gente' que não pertence ao mundo do futebol.
A lista dos clubes que já desaparecerem da cena do futebol nacional de primeira é já longa e iria ocupar algum espaço, mas sempre arrisco aqueles que me vêm, neste momento, à memória sem qualquer ordem: Estrela da Amadora, Salgueiros, Campomaiorense, Beira-Mar, Sp. Farense, Odivelas, Lusitano de Évora, Juventude de Évora, Portalegrense, União de Leiria, e tantos outros que têm vindo a desaparecer, não voltando mais…Contudo, porém, alguns destes que acabei de referir têm vindo com alguma lentidão a renascer das cinzas. É pena, mas tal como a lei da vida, tudo o que nasce, pode de um momento para o outro 'morrer'.
Na 'pequena-grande' história do currículo do Atlético Clube de Portugal, depois de ter participado por 24 vezes na divisão maior do futebol português, há precisamente 41 anos que está completamente afastado da 1.ª Liga, não permitindo assim ao velhinho Estádio da Tapadinha e aos seus fervorosos adeptos receberem e verem, os clubes mais sonantes do futebol português.
A última época que esteve na 1.ª Divisão, remonta já a 1976/77, tendo a partir desta época, descido à 2.ª Divisão, alternando todos os anos, entre esta e a antiga 3.ª Divisão. O seu palmarés é recheado por alguns títulos, entre os quais merece destaque a conquista de três campeonatos da 2.ª Divisão, nas épocas de 1944/45, 1958/59 e 1967/68. Das 7 presenças na 3.ª Divisão sagrou-se campeão nacional nas épocas de 2003/04 e 2005/06. Conta duas presenças em finais da Taça de Portugal. Na época 1945/46, frente ao Sporting, cujo resultado foi de 4-2 a favor dos sportinguistas; e na época 1948/49, segunda presença frente ao Benfica, tendo sido derrotado por 1-2.
De referir ainda as suas cinco presenças na 2.ª Liga do futebol profissional, tendo a estreia acontecido na época de 2012/13. Destaque para os internacionais que este clube teve nas suas fileiras, tendo fornecido à selecção nacional de Portugal, jogadores como Germano Figueiredo, Ben David, Ernesto Oliveira e Carlos Martinho.
É uma realidade, triste, demais, aquela que se está a passar com este clube de Alcântara-Santo Amaro, o Atlético Clube de Portugal merecia estar, no seu lugar, que era entre os maiores. Mas, infelizmente, não houve homens, isto é, dirigentes, capazes e com bom senso, à altura do nome do clube, e, que tivessem a devida capacidade de reconduzir este clube e que ele voltar aos seus tempos de outrora.
O Atlético Clube Portugal, infelizmente parece que "morreu", é um momento de grande tristeza, para todos os adeptos, em especial para os "alcantarenses".
(Texto-opinião, publicado na edição online, secção "Escrevem os Leitores" do Jornal RECORD de 01 de Novembro de 2017)
MÁRIO DA SILVA JESUS
O Mário sempre atento aos acontecimentos que estão ligados à história e às pessoas que a povoam. No Atlético, quando militava na 1.ª divisão, chegando a ficar classificado, no campeonato nacional, em 4.º lugar, salvo erro, jogaram alguns atletas vindos de Montijo; o Vital e o Caninhas, pessoas que eu, embora miúdo, conheci. Já agora, na lista dos clubes da 1.ª divisão que desapareceram, mesmo de vez, pode juntar o Clube Desportivo de Montijo, criado em 1 de Setembro de 1948, como resultado da fusão do Aldegalense, Onze Unidos e Avenida Futebol Clube. Actualmente, na cidade de Montijo, após a extinção do Clube Desportivo, existe o Olímpico Futebol Clube. Obrigado ao Amigo Mário por nos recordar factos que, parecendo menores, ilustram as nossas vidas.
ResponderEliminar