quarta-feira, 28 de março de 2018

Santa Casa no Montepio, sim ou não?


O repúdio pela ideia de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) entrar no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG) é pouco menos que unânime. Percebem-se as razões, tão tristemente parecidas com as que arrepelam os cabelos de quem vem assistindo – e pagando! -, às injecções maciças de fundos no sistema bancário, para “tapar buracos” e desmandos do grande capital e seus gestores. No entanto, há nuances que convém não perder de vista. A CEMG não é um banco qualquer, é o “braço armado” de uma associação mutualista cujos fins estatutários, a defender acerrimamente, não se distanciam tanto assim dos da própria SCML. A disseminação da sua propriedade por centenas de milhares de portugueses que lá colocaram as poupanças torna-o um possível instrumento de intervenção positiva na chamada economia social, sobretudo se administrado por gente de bem e de bom-senso, como é expectável com Carlos Tavares, naturalmente sob o rigoroso escrutínio do Estado, cuja presença no capital poderá vir a fortalecer um clima de confiança que, valha a verdade, a gestão dos últimos anos não favoreceu. O alegado desvio da SCML da sua missão, caso venha a participar no capital da CEMG, não é um escândalo, como seria se se ponderasse a sua intervenção especulativa numa instituição financeira clássica.

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