A boa
literatura salva mesmo
Permito-me
discordar do que disse A. Pedro Ribeiro, que a literatura ainda não salva
vidas. Salva, sim, e já terá valido à minha várias vezes; só são necessárias
algumas condições, como ser lida, ser entendida e serem seguidos os princípios
e valores que propõe.
Há dezenas de
anos que gente que sabe do que fala definiu o que deve ser feito na nossa
floresta; e há dezenas de anos que, ano após ano, se trata dos meios de combate
a incêndios – negócio de milhões – e não de como evitá-los o mais possível e
minorar os seus estragos.
Têm sido
reportados casos em que a floresta ardeu, replantou-se tudo como estava e - sem
surpresa nenhuma - passados anos ardeu
de novo; precisamente porque não se aprendeu nada com o desastre, repetiu-se
tudo! Quem já não ouviu falar em aceiros, acessos e reservatórios de água ?
Dependendo da orografia, os aceiros também podem ser acessos; mas como não há
aceiros, os acessos são impraticáveis para aqueles carros e os reservatórios
são muitas vezes piscinas particulares e represas que os lavradores usam para
regar os campos; assim, quando tudo depende de meios aéreos estamos
conversados…
Como entender
que depois de um incêndio que devorou tudo se não aprenda nada e se reponha o
arvoredo até junto das casas, até às bermas das estradas… A própria entidade
gestora das estradas reivindica para si todas as árvores que crescem no rebordo
das vias sob sua jurisdição, fazendo contratos periódicos com madeireiros,
quando o que deveria fazer era assumir ela própria que até àquela distância
mínima já definida por lei não cresça nenhum tipo de vegetação.
Aqui na minha
região diz-se que quem bem faz a cama, bem dorme nela. Quando vejo nas
reportagens que nos metem pelos olhos as casas rodeadas de vegetação a que os
donos não ligam a mínima, a primeira coisa que me ocorre é a inconsciência
daquela gente; é que o fogo só lá chega porque tem alimento para isso, mas se
negligenciamos coisas tão evidentes, não há que estranhar as desgraças.
E as
lamentações que normalmente se seguem não servem para nada. Isso de lamentações
era com o profeta Jeremias…
Amândio G.
Martins
Nem mais! Senhor Amândio.
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