Discordo totalmente de quem considera uma Pouca-vergonha (PV) o facto de o Primeiro-ministro (PM) ter nomeado um amigo. Era o que mais faltava, uma pessoa lá por ser amiga do nosso PM, ficar impedida para ser seleccionada para exercer determinado cargo. No entanto, já considero uma PV que um amigo tenha sido chamado para consultor do Governo por ajuste directo pela irrisória quantia de 2.000 euros mensais, mas que fazendo parte duma Sociedade de Advogados, tenha, apenas nos dois primeiros meses de 2016, celebrado três contratos facturando mais de 170 mil euros ao Estado (escritório esse que durante todo o ano de 2015 facturou apenas 445 mil euros). Considero igualmente uma PV que o mesmo amigo tenha representado o Governo em negociações para as quais não tinha competência para tal. Continuo a considerar uma PV que esse mesmo amigo, apesar de ter estado envolvido no negócio muito ruinoso da venda da VEM à TAP que causou um rombo de 500 milhões de euros, acabe precisamente a ser nomeado para um lugar na administração desta mesma empresa. Se tudo isto se tivesse passado comigo – até pelo conceito que tenho de PV, acreditem que ficaria no mínimo corado de vergonha com tais gestos de amizade.
Jorge Morais
Publicada no DN-M de 17.06.2017
Ilustração do leitor Paulo Pereira
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