Tenciono continuar tão firme quanto possível, nem que fique
aqui sozinho, e mesmo que suspeite, fundadamente, de que não tenho qualquer
leitor. Para quem leva a escrita a sério, praticá-la bem não é tarefa fácil. E
nem sequer é preciso aspirar-se ao Nobel ou ao Pulitzer, ou, mais prosaicamente,
a publicar um livro que, diga-se em abono da verdade, não passa, hoje, de um
facto corriqueiro. Mas é difícil escrever com o mínimo de erros (para não dizer
zero), sobretudo factuais e na obediência às regras gramaticais e da dialéctica.
Dá-me muito trabalho, quantas vezes, ir confirmar dados de facto ou históricos que
refiro, verificar construções sintácticas, conferir concordâncias ou tempos
verbais, comprovar a obediência a regras sociais, de cortesia e de convivência,
sem nunca alijar as questões de princípio que quero que me norteiem. De facto,
é preciso muito denodo, muita persistência, muito amor à “arte”. A maior parte
de nós, eu incluído, não consegue atingir aqueles objectivos, embora, por
razões que desconheço, muitos pensem que sim.
Está claro que a propagação das nossas ideias – se são “nossas”
é porque acreditamos nelas e gostamos que outros as partilhem – é uma coisa
importante, que move o escritor, seja de livros, de cartas, de artigos, de
poemas ou meramente de recados à vizinha.
Mas gosto de escrever aqui porque, entre outras coisas,
aprendo muito. É o trabalho de sapa que, muitas vezes, só eu conheço, mas que subjaz
aos meus textos, é o espevitar da minha própria inteligência, desafiada por
argumentos contrários e, quiçá, mais verdadeiros que os meus. Estou sempre a
repetir-me, aqui ou em qualquer lugar, quando digo que só as águas vivas e em
movimento, umas contra as outras, trazem o progresso da humanidade, quando, ao
contrário, as águas paradas tendem a gerar pântanos pútridos de onde não se
sai.
Se alguém faz encómios aos meus textos, fico agradecido, mas
esse não é, obviamente, o objectivo que me levou a publicá-los. Se eles são criticados
com razão, eu poderei acabar a reconhecê-lo e, então, aprendi um pouco mais. Se
são criticados sem ela, só me resta o DEVER de ripostar, em defesa do meu
pensamento, e para que eventuais leitores se apercebam de certas justezas. Virar
costas à discussão, isso não. E considero também meu/nosso dever, uma vez que
est(ou)amos sujeito(s) à leitura pública e aberta, não divulgar imprecisões e
erros, pelo que eu e todos nós deveremos fazer tudo ao nosso alcance para os
barrar e não lhes dar sequência sem controvérsia. A palavra escrita tem alguma
força e longe de mim a mais leve suspeita de que alguém possa errar por minha
influência directa.
O blogue tem defeitos? Mas é evidente que sim. Quem pensou,
alguma vez, que os não tinha?
Uma pergunta final: alguém estabeleceu definitivamente que o
valor do blogue é medido apenas pelo número de participantes?
Posso assinar por baixo? Então aqui fica a minha concordância com o que escreveu.
ResponderEliminarClaro que pode. E mais, perdoe-me a petulância, mas que bom que era que fôssemos muitos a partilhar destas ideias.
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