domingo, 15 de julho de 2018


PÚBLICO 15 Julho 2018





Impõe-se uma segurança e defesa europeia    



Já se percebeu que Donald Trump não vai deixar a presidência dos EUA pelo que possa fazer neste mandato e tem, provavelmente, hipóteses de ser reeleito para um segundo.

Toda a sua campanha do “America first”, e todas as inconveniências que faz com os líderes europeus apontam para uma vontade de dividir.

E este vai ser o desígnio de Trump.

Ao vermos Trump na Europa, parece que não temos líderes à altura dos acontecimentos por recearem o confronto.

E um inculto como Trump, com uma vaga ideia da História, que funciona numa mera lógica de egoísmo e negócios, que diz o que lhe apetece, insulta uns, elogia outros, e depois faz o inverso, domina os acontecimentos.

Por sua vez, os políticos europeus ficam em pânico.

Em vez de se unirem numa posição firme comum, ficam numa espécie de atitude de “vassalagem”.

Trump já percebeu que é uma espécie de elefante dentro de uma loja de porcelana onde quer que vá.

E aproveita-se disso, o que lhe dá imenso gozo.

Com Trump, este é o novo normal da diplomacia, como se viu pelo encontro com Kim Jongun.

Foi um espectáculo mediático e nada mais que isso.

A verdade é que Trump acaba por conseguir fazer muito do que quer, privilegiando a lógica bilateral e menosprezando as instituições multilaterais.

Ou os europeus percebem isto e se unem, ou Trump e Putin, cada um com os seus próprios objectivos, serão os vencedores.

 A razão original da existência da NATO acabou: já não há URSS, nem Guerra Fria, nem Muro de Berlim (agora existem outros “muros” dentro do espaço europeu).

A Europa hoje tem tantos problemas de segurança interna como externa e, se continuar a achar que não sobrevive sem os EUA, será um aglomerado frágil de países dependentes de grandes potências externas.

Está na mão dos europeus encontrarem alternativas para a sua própria segurança e defesa.



Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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