Incontroláveis desvarios...
“Nas raras vezes em que a fadiga o interrompia, deixando-o
bruscamente desamparado, como se lhe tivessem oferecido um espaço demasiado sem
nada ter para o ocupar, verificava então, com surpresa, que à sua volta havia
transformações em que não participara. Como tinha sido possível? E, além disso,
pressentia que a família deixara de sofrer esse afastamento; essa verificação
aumentava-lhe a insegurança, mas já era tarde para recomeçar.
Estava só e devia aprender a bastar-se, ou então continuar
num atordoamento que só terminaria quando caísse de súbito, um cavalo
chicoteado que a morte encontra ainda de olhos esgazeados da fúria de correr. Muito
tarde. Tarde mesmo para reagir, voltando o rosto à enxurrada, desafiando-a,
visto que essa rebelião exigia um preço que ele já não saberia suportar.”
Nota – apontamento do livro anexo.
Amândio G. Martins
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