Alguém disse certa vez que a corrupção é inerente ao sistema capitalista
de governo, eu vou maior longe: ela está alojada onde existe o poder, qualquer
que seja o sistema. Quando não praticado por quem o detém, é praticado por
pessoas próximas e por familiares. A estatística diz que governos menos
corruptos são aqueles em que o chefe de Estado não tem filhos ou os têm
menores.
No Brasil a corrupção é sistêmica, está alojada em todos os partidos,
sempre aperfeiçoada a cada gestão que se sucede, independe de quem lá estiver.
Nem os militares, quando detiveram o poder, conseguiram freá-la; o jeito na
época foi joga-la debaixo do tapete e enquadrar as pessoas que a denunciavam
como subversivas.
A bem da verdade, até que os
dirigentes militares eram honestos, mas os políticos que viviam à sombra do
poder deitaram e rolaram nesta maléfica arte que tanto tem prejudicado o país.
O povo brasileiro sempre assumiu
uma postura otimista em cada novo presidente, sempre usando um termo muito
conhecido: “agora o Brasil será passado a limpo”. Em pouco tempo vem a decepção
montada na negra realidade do cotidiano: o papel usado para passar a limpo era
rascunho. Pessoalmente já convivi com essa mesma ladainha desde que entendo por
gente; olha que não sou jovem.
Quem muito retratou isto foi Jorge Amado no romance, Gabriela Cravo e
Canela: na cidade de Ilhéus dirigida pelos chamados “coronéis”, afogada nos
desmandos e corrupção, se viu diante da figura de um forasteiro que prometia
tudo resolver, se ganhasse as eleições.
Ganhando, já na posse se viu
cercado e apoiado pelos antigos coronéis. O ingênuo personagem Nacif indagou a
um correligionário do novo dirigente: mas, não está tudo igual? Este então lhe
respondeu: “está igual, mas é diferente! ”.
Espero que as próximas eleições
não se enquadrem naquele conhecido conceito, tão afeito aos sociólogos: “A história tem nos ensinado, que os eleitores ou nunca
aprendem nada com ela ou a desconhecem, tal são as escolhas que, via de regras,
pelo menos no Brasil, tem sido catastróficas”.
Orivaldo jorge de Araújo
Abril de 2021
"O que da história se aprende, é que nada se aprende da história"...
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