Caminhamos para o Verão, o mesmo é dizer para os dias de braseiro que nos seca tudo e todos. A época dos incêndios aproxima-se. Vão chegar mais rápido do que se quer, e a fim de arrepiar caminho, convém alertar desde já para eles, e para o que foi e não foi feito em termos de preparativos para os combater com redobrada eficácia. Os bombeiros aquartelados pelo país, desde o mês de Outubro do ano passado e até Maio do ano que corre que condições criaram, que estudos fizeram do terreno que conhecem e vão encontrar, que cuidados tomaram, que planeamento traçaram nestes meses todos de acalmia nas brenhas e matas, nos montes e serras, para que quando os fogos lavrarem os vales e as montanhas não venham protestar que as viaturas não andam por falta de peças, que os matagais são densos, que os aceiros não se abriram, que o apoio logístico falhou, que as linhas de água evaporaram-se, que faltou coordenação com os meios aéreos, que em terra ninguém organizou os helicópteros para irem para o ar, que o Governo civil não os ouve, que as verbas se esgotaram ou estão congeladas, que os bombeiros já estão cansados, que... que...! Quantas vezes durante este longo período em que nada ou pouco ardeu e que os combates diminuíram, saíram para o campo a estudar ou a fazer o levantamento do terreno, quanto exercício experimentaram ou simularam, que assistência deram ao material armazenado ou que manutenção aplicaram ao equipamento que estava a merecê-lo, quanto dele recuperaram para de novo ser utilizado no auxílio ás populações que os hão-de reclamar nas horas difíceis? Ou vamos assistir ao rosário de lamentos, com culpas para aqui e para ali, ou apenas estão já preparados os rascunhos das queixas a apresentar quando der jeito e dentro do envelope timbrado? Para tudo isto houve tempo mais do que de sobra, resta saber se houve vontade e labor suficiente neste tempo de bonança que decorreu e que é muito para que a paz esteja connosco. Veremos na altura do corre-corre e da aflição, se estas interrogações vão ter resposta adequada e as fazem cair por terra, ou se teremos mais do mesmo costume choramingão a que estamos habituados. Quem avisa amigo é!
(texto antigo, só agora publicado no DNmadª)
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