Desencantos

Leio hoje um pequeno trajecto biográfico sobre Alain Delon que, com 83 anos, vai ser homenageado com uma Palma de Honra no Festival de Cinema de Cannes. A pena do jornalista desenha-o como um homem "só" que dá grande valor aos seus "mortos", ou seja aos grandes realizadores com quem trabalhou, e pouco à emoção. Homofóbico e xenófobo, embora contido..
Lembro-me bem dele  e da sua beleza que eu invejava enquanto adolescente. E ainda da sua magnífica interpretação no "Leopardo" de Visconti, embora sem chegar aos pés de Burt Lancaster como Conde de Lampedusa ( foi , talvez, o filme que mais vezes vi na minha vida). E do belíssimo par que fazia com Claudia Cardinale. E da sua ligação na vida real com Romy Schneider, "la piú bella del mondo".
E é precisamente "por aí" que o meu "desencanto" doi, porque Brigitte Bardot disse que o "odiou" ao com ele fazer o " Les Amours Célèbres pois que, nas cenas "quentes", o seu narcisimo o levava a olhar só para a câmara atrás dela, para mostrar os olhos azuis (?) que tinha. E, diz ela, isso levou-a a fazer o mesmo, o que tornou o filme num "fiasco". Só espero que não tenha feito o mesmo com as senhoras referida no segundo parágrafo, senão ainda lhe retiro a Palma que ainda não recebeu....

Fernando Cardoso Rodrigues