segunda-feira, 6 de maio de 2019


Fim de conversa...


...É o que normalmente se diz quando o palavreado chegou à “caca”; todavia, os excrementos humanos têm muito que se lhes diga; de facto, no Japão até acaba de ser criado o “Unko Museum”, o primeiro museu do “cocó” do mundo, onde os visitantes - 10 mil só na primeira semana -  podem brincar à vontade com objectos em formato de “poia” humana, se calhar a querer minorar as saudades da “fase anal”.

E lembro-me que o meu filho, numa idade em que já começava a ser autónomo, recolhia-se por vezes a um canto reservado e “fazia” nos sapatos, que depois escondia debaixo de um móvel qualquer e aparecia-nos descalço, nada comprometido, e nunca revelava onde tinha escondido o “tesouro”; parece-me que, sem que na altura tivéssemos percebido, estava a ser pioneiro desta ideia agora posta em prática.

Sabemos que o contacto diário de cada um com os seus excrementos é incontornável e é muito bom que isso possa acontecer diariamente, mas há coisas bem mais agradáveis do que “atirar à cara” dos outros o que não deve extravazar os locais respectivos para o seu escoamento.

E aqui veio-me à memória um episódio passado há muitos anos, era ainda jovem, na terra do nosso colega Valdigem; tinha acabado de abrir ao público um restaurante na saída para o Porto, à margem da Nacional 14, chamado Copa Negra, e decidi  almoçar lá um dia; sentei-me ao balcão, coisa que fazia muitas vezes, quando os restaurantes tinham esse serviço, e senti logo um intenso cheiro a lixívia, que verifiquei vir dos pratos aí colocados.

Alertei o empregado, seguido também por outros clientes que iam notando o mesmo, e o moço passou a “reclamação” para a cozinha, de onde veio, em voz esganiçada e colérica, esta “explicação”: “Pois se lhes cheiram a lixívia é sinal que estão lavados; se  lhes cheirassem à “merda” não diziam nada!” O rapaz corou, pediu-nos desculpa pela “descarga” da mulher e passou ele próprio à nossa frente os pratos por água, que enxugou com um pano seco e seguimos comendo, com alguns comentários bem humorados pelo meio...


Amândio G. Martins

2 comentários:

  1. Não deixa de ser sintomático que numa sociedade tecnológica “ de topo “ se sinta essa necessidade de “ retorno à infância, ou às origens” 🤔
    Por outro lado , a preocupação levada ao extremo com a limpeza também pode querer dizer o mesmo ...

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  2. Pois, é assunto para psicanalistas...

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