Orivaldo Jorge
de Araújo
Goiânia,
01/08/2021
Como o projeto da construção do acelerador de partículas
(LHC) propiciou a criação desta poderosa ferramenta de comunicação
Por volta de 1990, a Organização
Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) estava iniciando os
estudos e arregimentando parceiros para elaboração do projeto de implantação
daquele que seria o maior, mais caro e importante empreendimento científico de
todos os tempos, o “Grande Colisor de Hádrons (partículas)- LHC”.
O LHC começou a ser construído em 1998 com a
colaboração de mais de 100 países. Consta de um túnel (divisa da França com a Suíça)
de 27km de circunferência, a uma profundidade média de 100m, ao custo de
aproximadamente 10 bilhões de euros em
2010. Está funcionando desde 10 de setembro de 2008. A primeira
colisão entre prótons ocorreu em 30 de março de 2010. Em 2012 propiciou a confirmação
da existência do chamado bóson de Higgs (Partícula de Deus), no ano em curso
detectou a então teórica partícula subatômica chamada de MesonB, com todos seus
decaimentos (transformações) e está atrás de explicações sobre a matéria e
energia escura, cujas existências estão apenas no campo teórico.
O CERN, na difícil fase inicial para conseguir recursos
financeiros perante as comunidades científicas dos países envolvidos no
empreendimento, precisava apresentar também um projeto que dessa garantia de
que todos os dados conseguidos nas futuras atividades do LHC chegassem a estas
comunidades de maneira imediata e simultânea.
Os transportes dos futuros dados internos ao longo dos 27 km
foram logo resolvidos, pois os computadores na época já poderiam ser
interligados por redes físicas (cabeamento lógico), embora não apresentassem as
facilidades atuais, eram confiáveis desde que manejados por pessoas
qualificadas. São as conhecidas redes locais denominadas de LAN.
Mas quando se deparou com a exigência principal, de que
alocação de recursos estava atrelada à possibilidade de envio de dados e trocas
de informações imediatas com todos os cientistas dos 100 países envolvidos, a
coisa se complicou, pois não existia na época nenhuma tecnologia capaz de
resolver esta questão.
Foram sugeridos ao diretor do CERN os nomes de Steve Jobs e
de Bill Gates, expoentes da então incipiente indústria da computação americana
para ajudar resolver a questão. O diretor sabiamente alegou que não precisava
de ganhadores de dinheiro, mas sim de um verdadeiro cientista na área da informática,
foi quando alguém (este realmente mudou o mundo) sugeriu o nome de Timothy John
Berners-Lee (Tim), físico britânico,
professor e cientista da computação, cuja contratação pelo CERN foi
primeiramente em caráter temporário e posteriormente em definitivo.
Ainda no ano de 1990, Tim conseguiu elaborar o
primeiro navegador web,
que rodava na plataforma Nextstep (sistema
operacional). No início a sua interface era muito simples, a maior parte das
informações era no formato de texto, no máximo com pequenas imagens. Este foi
um marco histórico da criação da internet.
Foi
conseguida a interligação de computadores remotos com todos os protocolos
atuais com identificação individual de cada um através do chamado IP, batizado
de WorldWideWeb (grande rede mundial) , de Web ou simplesmente de Internet,
feito este considerado um dos mais importantes para convencimento dos parceiros
para a implementação do LHC.
O primeiro site: http://info.cern.ch/hypertext/www/theproject.html, foi acessado nos
computadores por moldem através de ligação telefônica, com efusiva comemoração
nos meios científicos em todo o mundo.
A empresa americana Netscape Communications, acreditando no
potencial da internet, logo lançou seu navegador com código fechado e de
caráter estritamente comercial, que, apesar do valor cobrado, foi um sucesso
imediato e a empresa recém fundada passou a dominar este mercado.
Bill Gates (Microsoft) que, inicialmente se postara contrário
à internet, voltou atrás, produzindo o navegador Internet
Explorer, que, ao distribuí-lo de forma gratuita e usando de práticas
comerciais desleais, conseguiu desbancar o Netscape,
dominando este seguimento por longos anos.
Atualmente o navegador mais usado é o Chrome da gigantesca
Google, seguido do Internet Explorer (substituído pelo Microsoft
Edge) e do Mozilla Firefox (remanescente do Netscape), todos grátis, sendo o
Chome e Firefox com código aberto.
Hoje,
além do computador, são inúmeros os aparelhos que permitem o acesso a esta
ferramenta de entretenimento e comunicação, entre eles citamos os denominados
Smart [televisão e tele móvel (celurares)], tablet, Kindle(leitor de livros) e
outros tantos. As redes usadas nestes aparelhos variam entres as logicamente
cabeadas e as sem fios (wi-fi), com qualidade proporcional ao investimento.
Na grande maioria dos equipamentos ditos
moveis, o uso da internet tem sido possível com extrema qualidade de resolução
e rapidez através de navegadores nativos e cativos aos sistemas operacionais
IOS, ANDROID e WINDOWS, com atualizações periódicas, num contínuo agregamento
de novas tecnologias.
Acontecimento
marcante no Brasil foi IOS a partir da versão 8.3, ter introduzido a língua
portuguesa ao SIRI (reconhecimento e atendimento por meio de voz), cuja inovação,
direcionada aos modelos mais recentes, tem encantado e surpreendido os seus inúmeros
usuários.
Numa
demonstração do envolvimento das pessoas no uso desta tecnologia, que até os
usuários dos seus primeiros passos, apesar na época das imensas dificuldades
das lentas ligações telefônicas, ainda sentem, nos dias atuais saudade daquele
ruidoso som característico da ultrapassada conexão discada.
Aqueles
que acreditaram na internet e acompanharam a sua meteórica evolução desde o seu
nascimento, entre os quais orgulhosamente me incluo, sentem-se hoje deveras
envaidecidos ao presenciarem como uma tecnologia inicialmente tão criticada e
pouco usada, tenha alcançado direta ou indiretamente quase toda população
mundial.
Tenho orgulho que ainda na década de 1990, ter contribuído, com uma pioneira provedora de internet em Goiânia, com transmissão discada, com um aplicativo de minha autoria, destinado a fazer correção monetária, tão útil numa época de inflação galopante que assolava o país. Segundo pesquisas era então uma das páginas mais visitadas. Infelizmente as pequenas provedoras regionais foram aos poucos desaparecendo, dando lugares as provedoras dos grandes conglomerados econômicos, de origem nacional ou mesmo internacional.
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