sábado, 14 de agosto de 2021

Tanto mar


Ficarei eternamente grato a Biden por nos ter libertado - espero que para todo o sempre! - de Trump, mas confesso que me estou a alarmar demasiadas vezes com algumas posições que vem assumindo. Não cuido aqui de julgar da “legitimidade” da intervenção americana no Afeganistão, há 20 anos, mas o que não pode deixar de se ver é que a presente retirada parece conduzir inexoravelmente a mais uma tragédia no país. Biden, recusando romper com a orientação política de Trump, insiste em proclamar que os EUA já fizeram a sua parte e que, se tal não foi suficiente, os afegãos que se “desenrasquem”. 

E com Assange? Não se conformando com a recusa do pedido de extradição que tinha submetido aos tribunais britânicos, a justiça norte-americana insiste no pedido e apresenta recurso, não obstante ele se encontrar preso e, alegadamente, em precárias condições de saúde mental, correndo o risco de praticar suicídio. 

A América de Biden começa a ser uma grande desilusão. Confrange-me constatar que entre os EUA e (alguma) Europa, apesar de irritantemente titubeante e enfraquecida, há todo um imenso oceano de permeio.    


Público - 16.08.2021

4 comentários:

  1. Viva, caro José Rodrigues! Só me admiro é porque é que se iludiu, conhecendo-se tão bem a história dos EUA. Concretamente, a sua política externa.

    ResponderEliminar
  2. Plenamente de acordo, meu caro. É como uma fotografia, que à medida que se vai revelando, aparece a realidade. Que se adivinha não muito diferente da do seu antecessor. Para descanso dos Putins; dos Erdogans e dos Netanyaous.
    O futuro não é nada animador, com esta "Europa Desunida" onde em tempos se lançou a hipótese duma Terceira Via, de que António Guterres era um dos subscritores, e agora com o afastamento anunciado da srª. Merkel e a liderança fraquinha, fraquinha da Von der Leyen.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Coitada da Terceira Via...
      Putín, Erdogan (nem tanto o Netanyahu) e alguns mais são inimigos dos EUA. O que não faz deles boas pessoas ou, sequer, democratas. Quase nunca o inimigo do meu inimigo é meu amigo.

      Eliminar
  3. Não sei se é descanso para os que refere. Sei é que é um perigo para quem não lhes obedeça, para a paz mundial. Para a humanidade.

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.