“Cheira-me” que esta carta nunca verá a luz do dia nas folhas do PÚBLICO. Por razões muito respeitáveis, entre as quais o elogio em boca própria ser vitupério. Ana Sá Lopes (A.S.L.) é directora adjunta do jornal, e quem vai decidir da oportunidade da publicação deste texto poderá embater na barreira que, entre gente de bem, é elogiar os “chefes”.
Seja como for, não posso calar a enorme satisfação que me deu o editorial de terça-feira passada, da autoria de A.S.L.. A propósito da morte de Otelo, ela escreveu tudo o que havia para dizer, e que sistematicamente se sonega: sobre Ramalho Eanes e Marcelo, sobre Marcelino da Mata e Spínola, sobre Mário Soares e Cavaco, sobre direita e esquerda. Faltou-lhe falar das pensões atribuídas aos pides e não a Salgueiro Maia, mas realçou o luto nacional para Spínola, do MDLP, e a recusa do mesmo a Otelo, atingindo aqui António Costa, que quase escapava entre os pingos da chuva.
Caros editores, façam como acharem melhor. Cortem o conteúdo inteiro desta carta, mas abram uma excepção na questão das “chefias”, e publiquem apenas o isto: “Bravo, Ana Sá Lopes”.
Nota:
Hesitei bastante em meter este texto aqui no blogue porque é quase como que um assunto “intimista” entre mim e o Público. Esta carta foi enviada ao Público em 27.07.2021, e nunca esperei que lá fosse publicada, como, aliás, refiro no próprio texto. No entanto, porque entendo que vai além desse intimismo, abordando um assunto que continua na “ordem do dia”, a morte de Otelo e a interminável discussão sobre o luto nacional, decidi-me a expô-la. Mais que não seja, terá leitores adicionais. E sim, gostaria que tivesse havido luto nacional. Mas, não havendo, não é por isso que me sentirei amargurado.
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