sexta-feira, 25 de novembro de 2022

As piores inimigas de si próprias

 

Obrigam as regras do combate político leal que, na luta pelo poder, se denunciem os erros de quem governa demonstrando-os com factos facilmente verificáveis;  todavia, aquilo a que quase sempre se assiste é o recurso ao ataque pessoal, a pretexto de qualquer coisa que corra menos bem, muitas vezes com o claro objectivo de captar uns segundos de tempo de antena em “prime time”, tal a fome de notoriedade de alguns maus políticos, de quem nunca se pode esperar obra de relevo.

 

No país que connosco partilha a península, Pedro Sánchez chegou ao poder com o apoio de muitos pequenos partidos, cuja soma de votos não só lhe permitiu derrubar a Direita no poder como vem garantindo que possa continuar a governar, conseguindo fazer aprovar sucessivos orçamentos; só que a Direita, que nunca pôde digerir o “desaforo” de ter sido assim apeada, recorre a todos os métodos, nada preocupada se são aceitáveis ou não, para “echar a Sánchez de la Moncloa”.

 

Para formar a actual equipa governativa, Sánchez viu-se forçado a oferecer lugares de relevo a dois grupos posicionados muito à esqerda dos socialistas, que são a Izquierda Unida e Podemos, dos quais se destacaram Yolanda Diaz, dos primeiros, e Irene Montero, dos segundos; Yolanda Diaz, ministra do Trabalho, tem demonstrado muita competência e é geralmente respeitada; Irene Montero, ministra da Igualdade, mais jovem e “fogosa”, tem sido “bombardeada” sem piedade.

 

É que, na sua luta sem tréguas pela igualdade de direitos de homens mulheres, comprou uma guerra que não lhe dá um minuto de descanso, num país fortemente machista como é o seu; mas o que mais choca as mentes mais abertas, é verem-na ser atacada por mulheres, que o fazem de forma ainda mais encarniçada que os homens, com expressões do tipo “Está donde está por ter sido fecundada por un macho alfa”, ou “Su unico mérito es haber estudiado en profundidad a Pablo Îglésias”.

 

Estes ataques à pessoa da ministra, em pleno Congresso dos Deputados, a pretexto da lei de autodeterminação sexual das mulheres, conhecida por “Solo si es si”, ter revelado algumas lacunas, levando a que, nalguns casos, haja juízes a reduzir as penas de violadores já encarcerados, já levaram um deputado nacionalista vasco a desabafar “Qué tasca de mala muerte se ha convertido nuestro Parlamento”!...

 

Amândio G. Martins

 

 

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