terça-feira, 29 de novembro de 2022

 CAMINHANDO PARA O ABISMO


Continuamos de prego a fundo rumo ao precipício. As provas estão aí. Secas prolongadas, por exemplo, nos países do chamado corno de África onde as populações vão sobrevivendo com parcas ajudas e os animais morrem de fome e de sede, inundações como no Paquistão onde, ⅓ daquele país imenso ficou debaixo de água, ou devido ao aumento da temperatura global, por consequência, a subida do nível do mar que pode pura e simplesmente “engolir” zonas ribeirinhas ou mesmo países inteiros como o Tuvalu, espécies que se extinguem ou que se deslocam para outras regiões provocando aí novas doenças, prováveis migrações gigantescas, enfim, é um planeta cada vez mais hostil à vida.

Mesmo assim, face até à potencial extinção da nossa espécie ou parte dela, nada nos detém.

confirmando-se esta insólita realidade; mesmo as reduzidas expectativas que havia em relação à ultima cimeira sobre o clima, foram goradas. Resumiu-se a um vago compromisso; os países mais ricos e poluidores, poderão continuar a poluir, compensando os outros com alguma ajuda ainda não determinada e em que condições, para suportarem os devastadores efeitos da poluição. Segundo os especialistas e o próprio secretário-geral da ONU, efeitos esses, que a curto prazo não terão retorno.

Diferente seria, se o bom senso prevalecesse sobre o egoísmo, a ganância do lucro, de uma ínfima minoria. Resumidamente, sobre o sistema capitalista.

Portanto, o capitalismo que será autofágico, constata-se agora que poderá arrastar na sua voragem as condições de vida no próprio planeta. A subordinação a ele, da social-democracia e ao seu lídimo representante, o imperialismo norte-americano (INA), reforça-o, assim como à sua gigantesca máquina mediática que manipula e condiciona as massas para os seus perversos fins.

Veja-se o caso das guerras. Necessárias sobretudo aos interesse do INA, mas também dos seus mais fortes e principais aliados para domínio estratégico e conquista de mercados. Diabolizam os líderes que não se subordinam, omitem e deturpam tudo o que não lhes convém para ganharem as massas, ou adormecê-las, em vez de as sensibilizar para um comportamento mais cívico. Todos nos lembramos, por exemplo, dos milhões de máscaras atiradas até para as praias. E plásticos que vão parar ao mar prejudicando peixes, aves e até já nós, humanos, com os microplásticos que acabamos por ingerir.

Os interesses das grandes empresas de combustíveis, do armamento e do agro-negócio, falam mais alto. Tentam convencer que pouco ou nada há a fazer, e cada vez a poluição é maior assim como a degradação dos solos com as culturas intensivas e superintensivas como acontece no Alentejo, e com a desmatação de florestas para comércio de madeiras, para as tais culturas e criação de gado por ser mais lucrativo.

Conclusão: se a humanidade, sobretudo os jovens de quem é o futuro, não se impuserem contra estas barbaridades e alterarem o rumo, as catástrofes ecológicas serão cada vez mais frequentes e caminharemos para o abismo.

Francisco Ramalho


Publicado na edição de hoje do jornal "O Setubalense"





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