Cá em casa já se comem castanhas há mais de um mês, desde que os ouriços começaram a deixá-las caír, amadurecidos pelas altas temperaturas, que esta cultura não é de regadio, e se o fosse não deixariam de caír antes do tempo, de tal forma o outono vem sendo desmesuradamente quente; e apesar das pragas que também passaram a estragar os castanheiros, mesmo assim estavam bem carregados, tornando abundante, embora não tão atraente e resistente como antes, um fruto seco que podia forrar os bolsos de quem costuma vender, se o tempo convidasse à castanha assada na rua.
Os transmontanos produtores queixam-se de quebra na produção, o que costuma fazer o produto mais caro, mas mesmo assim parece que nem um euro por quilo lhes pagam os revendedores, precisamente por não verem grande saída para elas, que acabariam por se estragar nos armazéns; e como não há incentivo para vendê-las, por aqui apodrecem debaixo das árvores, por não valer a pena colhê-las para além do consumo caseiro, se o que pagam por elas não dá para o trabalho de quem as apanhe do chão, que trabalhar sem a devida recompensa era noutros tempos...
Amândio G. Martins
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