A LÍBIA É UM TRISTE EXEMPLO
As inundações na Líbia provocadas por chuvas torrenciais e o terramoto em Marrocos, foram os dois maiores desastres naturais recentes a nível mundial. O primeiro, provocado pelas alterações climáticas. Logo, menos natural que o outro.
Embora ainda mais mortíferas, as inundações, com dezenas de milhar de mortos, tiveram menos repercussão mediática que o terramoto. Mas, evidentemente, igualmente lamentáveis.
A história recente da Líbia, é um dos grandes exemplos da prepotência, da hipocrisia, dos que se arvoram em campeões da democracia e dos direitos humanos: EUA, seus aliados e a NATO.
Este é um dos grandes, mas são diversos, os tristes exemplos. Apenas mais alguns: O Afeganistão, onde armaram e financiaram os Talibãs para derrubarem o Governo que tentava libertar o seu povo do obscurantismo e do quase feudalismo, e que depois de lhes perderem o controlo e após uma prolongada e sangrenta guerra, saíram sem brilho nem glória, entregando o país a esses fanáticos.
A Jugoslávia, que retalharam e cuja capital, Belgrado, intensamente bombardearam.
O Iraque, baseados num pretexto que sabiam ser falso (a existência de armas de destruição massiva), invadiram, destruíram, causando centenas de milhar de mortos e refugiados. A Síria, durante anos também agredida. Israel, sempre apoiado, e há décadas a massacrar e a ocupar a Palestina. No Chile, participaram no golpe fascista de Pinochet, e apoiaram o de 2014 na Ucrânia de que resultou o atual governo. E tantos, tantos outros. Por exemplo, na América Latina que consideravam o seu quintal das traseiras.
Fixemo-nos na Líbia. País rico em petróleo e gás natural. Por isso, mas também porque ao contrário de outros igualmente ricos, devido a uma gestão eficaz e patriótica, atingiu um nível de desenvolvimento económico e social que era um exemplo na região e não só. Mas um mau exemplo para quem não olha a meios para atingir os fins que visam a rapina e a hegemonia global. É o que continuam a fazer com a UE a reboque, na guerra da Ucrânia, cuja intensificação e prolongamento não quiseram evitar, ao manterem o apoio a ela no Donbass (o que deu pretexto à invasão) e ao não cumprimento dos acordos de Minsk. E com a expansão da NATO até à região Ásia/Pacífico, através de parcerias com a Coreia do Sul, Austrália e Japão, visando a China.
Na Líbia, devido ao tal “mau exemplo” do seu então líder, Muammar Kadafi, não tiveram pejo em a bombardear prolongada e intensamente, sendo Kadafi miseravelmente assassinado por um dos grupos terroristas que tomaram conta do país.
Um país à deriva, devastado, potenciando ao máximo as consequências das inundações. Por exemplo, o rebentamento de duas barragens devido em grande parte à falta de manutenção.
É este o alegado respeito pelos povos. Incluindo, evidentemente, o ucraniano que transformaram em carne para canhão nesta guerra, cujas consequências, se não for diplomaticamente resolvida, podem ser apocalípticas face aos arsenais, sobretudo nucleares, dos contendores.
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal O SETUBALENSE
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