quinta-feira, 1 de março de 2018

Medicina Tradicional Chinesa


Já recorri à Medicina Tradicional Chinesa (MTC) e devo dizer que “senti” efeitos positivos, de que, porém, não tenho evidência científica. Por formação, nos raciocínios que faço, dou primazia aos princípios da ciência, logo, não tenho certeza de que a MTC seja eficaz. Os médicos, pela voz do seu bastonário, avisam os portugueses de que possa até ser um perigo para a saúde. Já ouvi de cientistas que as estatísticas das “revisões sistemáticas da literatura médica” não provam existir eficácia e segurança no seu uso. Sei, no entanto, que há quem acredite na MTC, e até a OMS, ao que julgo saber, a reconhece, pelo menos como medicina complementar. Existe, está no “mercado” e, assim sendo, não será melhor regulamentá-la, em vez de a deixar em “roda-livre”, à mercê de qualquer charlatão? A Ordem dos Médicos acusa os ministros da Saúde e da Ciência, ambos com sólida formação científica, e que decidiram instaurar a respectiva licenciatura, de cederem a “pressões e interesses comerciais e publicitários”, sabendo todos nós que existem pelo menos dois lobbies poderosíssimos, o da indústria farmacêutica e o dos próprios médicos, que fazem pressão contrária. A declaração do bastonário deixa transparecer algum corporativismo, apesar do autor o negar. Como quer que seja, o cidadão comum, confundido entre tantas opiniões, precisa de saber a verdade. Que isto não vai por palpites…

Expresso - 03.03.2018

3 comentários:

  1. Mas olhe que, embora não tão "carismática", também existe uma "medicina tradicional portuguesa", que prolongou e salvou a vida de muita gente, quando não passava de miragem essa assistência que hoje, apesar das deficiências, lá vamos tendo. Mas esses importantes recursos são hoje desprezados como "mezinhas"...

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  2. É isso. Alguns dos entraves às, como diz, "mezinhas", nós sabemos muito bem de onde vêm. Não obstante, com os avanços na ciência médica, acho bem que se escrutinem todos os "medicamentos" que ingerimos ou aplicamos, porque acredito que a sabedoria popular, tantas vezes válida, não escapa a certas "filosofias" arrevesadas. Quanto às conclusões desse escrutínio, só podemos confiar no que as autoridades apropriadas disserem. Por isso é que penso que, com tanto dedo apontado à MTC, é estranho que essas autoridades lhe dêem o aval, no caso, obviamente, de as razões de queixa não terem pés de barro.

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  3. Não vir ao texto do José Rodrigues seria quase uma "cobardia". Vou tentar ser breve. Quanto à chamada Medicina Tradicional Chinesa (MTC), perfilho por inteiro o dito pelo Bastonário dos Médicos (PÚBLICO de anteontem): pelo menos seria conveniente denominá-la de outra coisa, talvez "Práticas tradicionais chinesas", pois Medicina é que ela não é e sei que, na própria China, Medicina só há uma, a de todo o mundo, científica, avaliada e regulada. Isto do lado socialmente organizado, racional, a que me junto. Agora há o outro lado: o da liberdade cidadã, individual, com saberes e crenças, racionalidades e irracionalidades, em que cada um toma a atitude que quer, desde que só a si mesmo se atinja. Eu, percebendo culturalmente (lato senso) o que diz Leonor Nazaré - Biopolítica -no PÚBLICO de hoje, não aceito os seus argumentos para "tudo equivaler", mormente quando se percebe que quer inferir equivalência entre ciência e crença. Não seria tão "bruto" como Diogo Queiroz de Andrade no editorial do PÚBLICO de anteontem - O elogio da ignorância - mas também não entendo com pode um governo legislar "cientificamente" (Portaria nº 45/2018) quando tem obrigação de proteger todos os cidadãos, mesmo aqueles que optaram por "acreditar" numa "Medicina" que não o é. Deixo de lado tudo o que é "político e/ou económico" pois não me interessa nesta discussão em que há razões racionais e científicas de sobra para eu argumentar, como o fiz.
    NOTA: mais coisa menos coisa, o mesmo é válido para as "mezinhas" trazida à colação pelo Amândio Martins.

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