terça-feira, 29 de novembro de 2022

 CAMINHANDO PARA O ABISMO


Continuamos de prego a fundo rumo ao precipício. As provas estão aí. Secas prolongadas, por exemplo, nos países do chamado corno de África onde as populações vão sobrevivendo com parcas ajudas e os animais morrem de fome e de sede, inundações como no Paquistão onde, ⅓ daquele país imenso ficou debaixo de água, ou devido ao aumento da temperatura global, por consequência, a subida do nível do mar que pode pura e simplesmente “engolir” zonas ribeirinhas ou mesmo países inteiros como o Tuvalu, espécies que se extinguem ou que se deslocam para outras regiões provocando aí novas doenças, prováveis migrações gigantescas, enfim, é um planeta cada vez mais hostil à vida.

Mesmo assim, face até à potencial extinção da nossa espécie ou parte dela, nada nos detém.

confirmando-se esta insólita realidade; mesmo as reduzidas expectativas que havia em relação à ultima cimeira sobre o clima, foram goradas. Resumiu-se a um vago compromisso; os países mais ricos e poluidores, poderão continuar a poluir, compensando os outros com alguma ajuda ainda não determinada e em que condições, para suportarem os devastadores efeitos da poluição. Segundo os especialistas e o próprio secretário-geral da ONU, efeitos esses, que a curto prazo não terão retorno.

Diferente seria, se o bom senso prevalecesse sobre o egoísmo, a ganância do lucro, de uma ínfima minoria. Resumidamente, sobre o sistema capitalista.

Portanto, o capitalismo que será autofágico, constata-se agora que poderá arrastar na sua voragem as condições de vida no próprio planeta. A subordinação a ele, da social-democracia e ao seu lídimo representante, o imperialismo norte-americano (INA), reforça-o, assim como à sua gigantesca máquina mediática que manipula e condiciona as massas para os seus perversos fins.

Veja-se o caso das guerras. Necessárias sobretudo aos interesse do INA, mas também dos seus mais fortes e principais aliados para domínio estratégico e conquista de mercados. Diabolizam os líderes que não se subordinam, omitem e deturpam tudo o que não lhes convém para ganharem as massas, ou adormecê-las, em vez de as sensibilizar para um comportamento mais cívico. Todos nos lembramos, por exemplo, dos milhões de máscaras atiradas até para as praias. E plásticos que vão parar ao mar prejudicando peixes, aves e até já nós, humanos, com os microplásticos que acabamos por ingerir.

Os interesses das grandes empresas de combustíveis, do armamento e do agro-negócio, falam mais alto. Tentam convencer que pouco ou nada há a fazer, e cada vez a poluição é maior assim como a degradação dos solos com as culturas intensivas e superintensivas como acontece no Alentejo, e com a desmatação de florestas para comércio de madeiras, para as tais culturas e criação de gado por ser mais lucrativo.

Conclusão: se a humanidade, sobretudo os jovens de quem é o futuro, não se impuserem contra estas barbaridades e alterarem o rumo, as catástrofes ecológicas serão cada vez mais frequentes e caminharemos para o abismo.

Francisco Ramalho


Publicado na edição de hoje do jornal "O Setubalense"





Afinal, há fronteiras


Sim, é possível ser-se radicalmente contra a invasão da Ucrânia pela Rússia e, em simultâneo, reconhecer nos EUA os grandes colectores dos lucros da guerra, e pensar que a ideia de alargar a NATO nunca foi boa. Perceber a política agressiva do Kremlin não é o mesmo que aceitá-la.

A recusa de interpretar certos efeitos de causas duvidosas, só porque estas são “ocidentais”, não é análise desapaixonada, mesmo se ela vem de Teresa de Sousa (T.S.), uma analista de corpo inteiro, conhecedora como poucos da realidade internacional, apesar de subordinada à sua concepção de democracia, imutável com actores e geografias alternativos.

Compreende-se que o PÚBLICO, atendendo às barbaridades da guerra, tenha uma posição editorial predominantemente anti-Putin. Mas sei que o jornal nunca escamoteará outras vertentes de análise que não as que T.S. utiliza no seu “Sem fronteiras” de domingo passado. Aliás, foi no PÚBLICO da véspera que tive acesso ao artigo de Azeredo Lopes. A “universalidade” do pensamento de T.S., que parece evidente a quem lê os seus textos, não é, obviamente, a verdade definitiva. E as “fronteiras” com que quer confinar as esquerdas europeias, autênticas “más companhias”, são legítimas para T.S.? Talvez para Stoltenberg, esse ideólogo de “primeiríssima água”...  


Público - 29.11.2022

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Humanidade a menos

 

Quando era miudo ouvia os velhos da minha aldeia, perante qualquer situação de conflito, afirmar que um homem, com a vara e a razão valia por três; e era mesmo assim que procuravam meter na ordem qualquer um que tentasse saír da linha, quando a bem não fosse possível, nunca usando facas ou armas de fogo.

 

Vendo-se impossibilitado de continuar a colocar marionetas suas na governação da Ucrânia, o monstro russo inventou o pretexto do “nazismo” para invadir aquele país, mas não era uma invasão, porque o objectivo era justo; de facto, libertar o povo ucraniano e destruír o potencial bélico do seu governo “”fascista” era uma missão nobre, para o que contava ver as hordas por si comandadas recebidas de braços abertos pelos ucranianos.

 

Vendo que o tiro lhe saía pela  culatra, perante a força do patriotismo do povo invadido, e vendo o seu ridículo exército ser desbaratado a pontapé e à paulada, ao bandido está a dar imenso jeito o “general inverno”, que já venceu outras guerras, para o que tem potenciado a sua acção, destruindo tudo quanto possa servir de alento ao povo flagelado, esperando matá-los assim a todos à fome e ao frio, como um dia destes se vangloriou um dos da sua camarilha no Parlamento russo.

 

No seu discurso de encerramento do XXVI Congresso da Internacional Socialista, que se realizou em Madrid e de que será o próximo presidente, Pedro Sánchez enumerou os principais males que afectam hoje os povos, entre eles a fome, que é uma aberração, dado o desperdício diário propositado de milhões de toneladas de alimentos; e aludindo ao número de 8.000 milhões, que há pouco atingimos e alguns apontam como seres humanos a mais para os recursos que há, respondeu que não há seres humanos a mais, o que há é humanidade a menos...

 

Amândio G. Martins

 

 

domingo, 27 de novembro de 2022

 OPERAÇÃO MILITAR ESPECIAL...



Incapazes de superarem os corajosos soldados ucranianos, as forças russas, a mando do ditador Putin, tentam agora, em desespero de causa, repetir o genocídio passado há 90 anos, que ficou conhecido por Holodonor, a morte pela fome.

O que me deixa perplexo, é que ainda há quem defenda estes criminosos!

O regime fascista/terrorista de Moscovo, tem os dias contados. O povo russo merece mais e melhor.



José Valdigem


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

As piores inimigas de si próprias

 

Obrigam as regras do combate político leal que, na luta pelo poder, se denunciem os erros de quem governa demonstrando-os com factos facilmente verificáveis;  todavia, aquilo a que quase sempre se assiste é o recurso ao ataque pessoal, a pretexto de qualquer coisa que corra menos bem, muitas vezes com o claro objectivo de captar uns segundos de tempo de antena em “prime time”, tal a fome de notoriedade de alguns maus políticos, de quem nunca se pode esperar obra de relevo.

 

No país que connosco partilha a península, Pedro Sánchez chegou ao poder com o apoio de muitos pequenos partidos, cuja soma de votos não só lhe permitiu derrubar a Direita no poder como vem garantindo que possa continuar a governar, conseguindo fazer aprovar sucessivos orçamentos; só que a Direita, que nunca pôde digerir o “desaforo” de ter sido assim apeada, recorre a todos os métodos, nada preocupada se são aceitáveis ou não, para “echar a Sánchez de la Moncloa”.

 

Para formar a actual equipa governativa, Sánchez viu-se forçado a oferecer lugares de relevo a dois grupos posicionados muito à esqerda dos socialistas, que são a Izquierda Unida e Podemos, dos quais se destacaram Yolanda Diaz, dos primeiros, e Irene Montero, dos segundos; Yolanda Diaz, ministra do Trabalho, tem demonstrado muita competência e é geralmente respeitada; Irene Montero, ministra da Igualdade, mais jovem e “fogosa”, tem sido “bombardeada” sem piedade.

 

É que, na sua luta sem tréguas pela igualdade de direitos de homens mulheres, comprou uma guerra que não lhe dá um minuto de descanso, num país fortemente machista como é o seu; mas o que mais choca as mentes mais abertas, é verem-na ser atacada por mulheres, que o fazem de forma ainda mais encarniçada que os homens, com expressões do tipo “Está donde está por ter sido fecundada por un macho alfa”, ou “Su unico mérito es haber estudiado en profundidad a Pablo Îglésias”.

 

Estes ataques à pessoa da ministra, em pleno Congresso dos Deputados, a pretexto da lei de autodeterminação sexual das mulheres, conhecida por “Solo si es si”, ter revelado algumas lacunas, levando a que, nalguns casos, haja juízes a reduzir as penas de violadores já encarcerados, já levaram um deputado nacionalista vasco a desabafar “Qué tasca de mala muerte se ha convertido nuestro Parlamento”!...

 

Amândio G. Martins

 

 

A bola seca quase tudo à sua volta

O mundial de futebol é como os eucaliptos, seca quase tudo à sua volta. Neste domínio, a RTP pública é igual às estações privadas... «Esqueçamos isto. Concentremo-nos na equipa»(!), disse o presidente da República e já no Catar assegurou que, cá os direitos humanos são um exemplo. Aquela afirmação é uma desgraça para alienar e esta é inverdade. Basta dizer que as mulheres assassinadas o desmentem! Não devia ter ido, assim como, Santos Silva, segunda figura de Estado e o primeiro-ministro não devem ir. Quem os convidou? Ninguém, e vão a expensas do erário público, que dizem estar minguado para tanta, tanta coisa. São coniventes com: relvados dos estádios ensanguentados, por 15000 operários imigrantes mortos nas suas construções; direitos das minorias espezinhados até à prisão; direitos das mulheres reduzidos; securitização com um polícia em cada esquina; crianças mal-tratadas porque não há lei que as proteja, etc.etc. Vão caucionar uma monarquia medieval autocrática, que tem as prisões a abarrotar de presos políticos! Marcelo, lá, falou de direitos. Só os ocidentais o ouvem. Os petrodólares não querem saber disso para nada e ele sabe-o. A frase: «esqueçamos isto», também nos quer dizer: é preciso desligar o pensamento. Pensar é perigoso! E corrobora com o «mãos sujas», presidente da FIFA, quando este defende com unhas e dentes o evento. Pudera... Pobre e meu amado Portugal, que tem uma governança, que na hora agá se vende por poucochinho.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Há forças de segurança perigosas!

Não generalizando, temos má impressão, justificada, pelas forças de segurança (FdS). Antes do 25 de Abril de 1974 fui ao musgo para o presépio a uma quinta «privada», fui apanhado pelo guarda com espingarda de sal, levou-me à esquadra. No caminho chorei baba e ranho e aqui ainda mais, apanhei um estalo que desfaleci(!). Tinha 8 anos... fugimos à frente da polícia de choque no Rossio, por querermos manifestar a nossa mensagem, e por aí adiante. Portugal surge mal classificado em relatórios internacionais,por violência desmedida das FdS, sobretudo em imigrantes negros ou asiáticos, despossuídos, etc. Uma investigação dum consórcio jornalístico (parabenizo-vos!), estudou cerca de 600 elementos das FdS, através dos seus comentários nas redes sociais. Não verteram as suas opiniões, como fez querer subliminarmente, André Ventura (AV), mas destilaram ódio criminoso de morte! O Chega unipessoal, racista e xenófobo trata estes temas com pinças, por forma a negar esta realidade, sem defraudar os seus eleitores que esperam violência e agressão(!). Em Odemira, 7 militares da GNR violentaram imigrantes asiáticos e nada lhes sucedeu(!). Num país decente tinham sido expulsos, bem como as chefias! E não podemos nem devemos chamar a polícia... A complacência/conivência é inqualificável! AV gritou que o governo não contasse com ele para denunciar os mais que alegados criminosos. Mentiu, foi a Justiça que lançou o repto para identificar elementos das FdS de extrema-direita. Estas actividades, também são o resultado das condições estruturais deficitárias nas FdS e a extrema-direita cavalga-os e manipula-os... Temos o direito e o dever de querer o melhor para Portugal!

terça-feira, 22 de novembro de 2022

O pecado da soberba


Não é que António Barreto (A.B.), na crónica “O pecado da complacência”, no PÚBLICO de sábado, não atinja certeiramente o alvo quando profere algumas das suas infindáveis asserções. Aceita-se que, respigado aqui ou acolá, se aproveite e concorde com o(s) teor(es) do texto. Contudo, na sua globalidade, estamos perante um azedo libelo contra os “outros”, sendo que, aqui, os “outros” somos todos nós. Quem, afinal, para A.B., está de fora do conjunto dos “pecadores”, por abdicação, complacência ou tolerância? Não vislumbro ninguém, a não ser, provavelmente, o autor da diatribe. Parece que A.B. se considera, neste miserável mundo, o único capaz de “cortar a direito”, inflexível, incorrupto e incorruptível. Talvez não seja caso para tanto, mas mais ninguém se sentiu insultado? Resta-nos perdoar A.B., “complacentemente”, pela exaltação própria.


Público - 21.11.2022

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Cristiano Ronaldo é um cidadão do Mundo!

Manifesto-lhe sentidas condolências, pelo seu filho gémeo nado-morto, bem como à sua companheira Georgina e família. É inimaginável o sentimento de perda. Sou pai. O Universo permitiu, que Bella Esmeralda, a gémea nascesse bem. A Bella está cá e é bela, para contrabalançar... De origem proletária, nascendo no seio de uma família, diz a imprensa, «disfuncional», foi capaz de se empoderar com lágrimas, suor e alegrias. Há quem não lhe perdoe ter sido pobre. Cristiano Ronaldo é um paradigma exemplar! O futebol de alta competição é muito mais um negócio(!). E no seu clube, Manchester United, o seu dilacerante luto não foi respeitado. Não tendo feito a pré-época, 'crucificaram-no'. Mais uma vez o deus dinheiro à frente de tudo e de todos! O frio, insensível e inconveniente seu treinador desrespeitou-o e humilhou-o. A sua poderosa e inabalável auto-estima, aliada à estatura de melhor jogador do Mundo, a jogar, calará a elite detractora, os comentadores do óbvio,... na nossa selecção, tão bem capitaneada por ele. Na entrevista que deu foi franco, frontal, corajoso, magoado e honesto. O altruísta Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro é há muito - cidadão do Mundo!

O pior do mundo é o egoísmo

 

DESEQUILÍBRIOS

 

Em tempos ainda não tão distantes

Brotavam dos nossos montes nascentes

Mananciais puros e abundantes

Maravilha para animais e gentes!...

 

Mas mentes mesquinhas e inconscientes

Degradaram aos viventes silvestres

Os habitats que foram seus pertences

Tornando-os cada vez mais agrestes.

 

A nossa fauna vai escasseando

Já pouquinha dela é sobrevivente

Mas o predador lá segue abusando

Irresponsavelmente indiferente.

 

Privatizam água de toda a gente

Guiada noite e dia para o quintal

A depauperar todo o ambiente

Mas não entendem estar a fazer mal.

 

Os animais descem ao povoado

No instinto de preservar a vida

Em busca de quanto lhes foi roubado

Ficando sem comida nem bebida.

 

Se os bichos algum dano forem causar

Culpem-se os que lhes foram roubar tudo

Decidindo sem critério profanar

O que lhes deu o criador do mundo.

 

Ninguém precisa da água corrente

De bica aberta permanentemente

Desperdiçada de forma improfícua;

Sendo bem de toda a comunidade

Só uma grande insensibilidade

Ousa praticar acção tão iníqua!

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 20 de novembro de 2022

"Cobranças populistas"

 

Quando em época de grandes dificuldades para muita gente menos abonada, vemos as empresas energéticas e a grande distribuição anunciar lucros desproporcionados, cuja fonte é o sacrifício dos seus clientes, o que é normal é esperar que parte daqueles lucros sejam redistribuídos, e a forma mais equilibrada será taxá-los, porque não é decente assistir-se a uns quantos encherem constantemente a burra à custa de quem não tem um mínimo de sobrevivência digna.

 

Todavia, os jornalistas que trabalham no mundo dos negócios tomam sempre as “dores” dos potentados económicos, chamando aos governantes, a quem cabe tomar medidas para proteger os mais fracos, tudo quanto lhes vem à cabeça, como faz habitualmente a directora do caderno do JN Dinheiro Vivo, Joana Petiz, sábado sim, sábado sim; de facto, é que nem o presidente da CIP, que há muito escreve na mesma página, alguma vez foi tão violento com as decisões do Governo.

 

Com o título “Com cobranças populistas se paga o socialismo”, o editorial que a senhora escreveu ontem é, todo ele, construído com a linguagem que a Direita mais “rância” usa diariamente, com expressões como “o populismo e a falta de vergonha não têm limites”, para diabolizar a programada taxa sobre os anunciados lucros excessivos, mas não explicando como é que as empresas pelas quais se dói, trabalhando com margens inferiores a 1%, como ela afirma, conseguem tão fabulosos lucros...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

incompreensível situação da entrada da Quinta da Taboadela na Silvã de Cima

A Quinta da Taboadela, situada na freguesia de Silvã de Cima, concelho de Sátão, é propriedade da família Amorim, desde 2018, que a adquiriu para a seu negócio na área do vinho e turismo na região demarcada do Dão. A Quinta da Taboadela terá cerca de 40 hectares.

Vêm da idade média as referências à Taboadela, nomeadamente do século XIII, existindo um antigo lagar construído num só penedo de natureza rupestre.

O seu acesso principal é na estrada N229-2, na freguesia de Rio de Moinhos.

No entanto, a sua antiga entrada na Silvã de Cima, está lamentável e incompreensivelmente abandonada e degradada, com o seu arco de estilo gótico e as colunas, uma encontra-se derrubada, cercados de giestas e outros arbustos.

Não se compreende que a sua recuperação não tenha sido realizada, já que não teria grande significado no conjunto dos avultados investimentos realizados na modernização e actualização da quinta, em instalações, adega, casa de prova de vinhos, na vinha, etc. 




Não há maquilhagem que disfarce aquilo

 

Apesar de todo o eforço de maquilhagem que têm vindo a fazer, para promover no mundo uma imagem mais aceitável, no Catar pouco ou nada irá mudar, porque é bem evidente o artificialismo de tudo aquilo; de facto, restam pouvas dúvidas de que, acabando o espectáculo do Mundial, negociado por métodos nada transparentes e preparado com o custo de muitos milhares de vídas, tudo irá ficar como antes no “modus vivendi” daquela sociedade.

 

Escrevia há dias Inês Cardoso, do JN, depois de lá ter feito uma viagem, que o guia com quem entrou numa mesquita, devidamente “mascarada” para o efeito, lhe perguntou no fim, claramente provocador, se sentia que tinha perdido a liberdade, querendo fazer crer que nada do que no Ocidente se diz acerca deles é verdade, como se um jornalista pudesse aferir fosse o que fosse numa passagem relâmpago, com tudo controlado.

 

E a cena que ontem me foi dado ver, através duma TV espanhola, pareceu-me elucidativa: Um repórter dinamarquês, que fazia um “directo” a partir da via pública para o seu país, foi bruscamente interceptado para que desligasse aquilo ou lhe partiriam o equipamento; indignado com tal vigilância, o jornalista reagiu como devia, perguntando que merda era aquela, que estava ali legalmente, a trabalhar num local público, não estava a transgredir regra nenhuma, e ameaçavam destruir-lhe a ferramenta de trabalho, pois que o fizessem, se achavam que tinham esse direito!...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

O ex-governador do BdP foi muito mau...

... para muitos, muitos contribuintes com os impostos em dia, como eu. Gosto de pagar impostos, não desmedidos... porque sustentam apoios sociais, o SNS, a Cultura e por aí adiante. O ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, resolveu «escrever» um livro por interposta pessoa, um autor jornalista do Observador de direita/extrema-direita...fazendo uma vingança mesquinha. O conteúdo deste bate-lhe de frente,num choque que faz 'sangue'. A desonestidade temporal, que Carlos nos convoca tem 6 anos de atraso(!). Teria sido assertivo e higiénico já ter tido feito aquelas revelações.... Aí sim, a pertinência e a sua verdade teriam outro impacto e consideração. Foi relevante assistir ao bafio direitista que compôs a plateia: desde a múmia paralítica, até ao anão da política (apresentador do livro), passando por dois siameses: Passos Coelho e Monte-negro, qual deles o mais além toikista... Carlos, atingiu o 1º ministro ao querer reescrever a história, com dois mil dias de atraso! Regressando ao meu 1º parágrafo, não esqueceremos, que este mexeu na nossa carteira sem o nosso consentimento, subtraindo muitos milhares e milhares de euros para sustentar e 'ajustar' bancos... uma calamidade, leia-se ladroagem, para os mesmos de sempre. Nunca disse palavra sobre este abuso, com a benevolência do adjectivo. Não ponho as mãos no fogo por António Costa, (filho do esquecido, brilhante e saudoso escritor, Orlando Costa) e muitíssimo menos ainda pelo vingativo! O meu bisavô ensinou-me: 'A acção para quem a pratica!' Ponto.

terça-feira, 15 de novembro de 2022

 DEVIA HAVER MAIS RESPEITO


Com o avanço da idade, e não me estou a considerar velho, passamos a dormir menos. E como não gosto de me deitar tarde, frequentemente, por volta das cinco, já estou acordado. Então, ponho-me a ouvir rádio. Mais precisamente, a primeira parte do Programa da Manhã da Antena1 que conta com a participação dos ouvintes, e é dirigida por um grande comunicador, o popular, Zé Candeias.

Ali se ouve quem prepara o dia para todos nós. Padeiros, pescadores, agricultores, mais à segunda-feira, professores que se deslocam para as escolas onde estão colocados, bombeiros, militares, trabalhadores da limpeza urbana, pessoal da Forças de Segurança, condutores, motoristas de táxi e muitos camionistas. Como eles dizem, do nacional e do internacional. Os homens e mulheres que abastecem todo o género de estabelecimentos e, sobretudo os camionistas do internacional, com os seus camiões de longo curso, abastecem o país.

Portanto, trabalhadores, como todos, aliás, que nos devem merecer todo o respeito. Mas, infelizmente, segundo os próprios, não é bem assim. As queixas são frequentes. Sobretudo das grandes superfícies comerciais e das áreas de serviço nas auto-estradas. Não lhes facilitam as descargas, chegam a esperar horas, e em coisas tão simples como a utilização de casas de banho ou para tomarem um simples mas reparador café.

A falta de respeito que é inaceitável nas relações humanas, é mais comum e inadmissível no mundo do trabalho. Não só as referidas, mas todas as profissões devem merecer todo o respeito, porque todas são dignas e indispensáveis.

Tivemos um bom exemplo do respeito que se deve ter por quem trabalha durante o tempo mais agudo da pandemia. Andámos com médicos, enfermeiros, técnicos de radiologia, auxiliares, etc. nas palminhas, mas depois, e ainda nem sequer o vírus nos largou de vez, acabaram-se os aplausos. O mesmo, com os bombeiros no verão por causa dos incêndios. Que são os soldados da paz, uns heróis e por aí fora. Acabam-se os fogos (agora cada vez durante menos tempo…) e mais ninguém se lembra dos bombeiros. E podíamos falar em tantas outros profissionais. Mais este exemplo; imaginem se os trabalhadores da higiene urbana parassem. Havia de ser bonito!

Conclusão, a cordialidade e o respeito devem ser, naturalmente, uma constante. Para além disso, no que diz respeito ao desempenho de todas as profissões, o principal respeito que se deve ter, é a compensação justa por esse desempenho. Por esse trabalho. E que haja trabalhadores suficientes em todas as funções para termos uma vida normal. Para sermos uma sociedade o mais justa e harmónica possível.

Na prática, tanto a nível nacional como um pouco por todo o mundo, o que é que vemos? Injustiças que se agravam e uma minoria cada vez mais ínfima acumulando maior riqueza.

Portanto, para além da cordialidade e do respeito, a unidade dos trabalhadores em torno de sindicatos e partidos políticos que os representem condignamente, é essencial para um mundo mais sustentável e justo.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"







Ao filósofo que procurava um Homem

 

DISFARÇADOS

 

Já nada precisa ser verdadeiro

Parece ser essa a normalidade

Relativiza-se a indignidade

E acaba a ganhar o batoteiro.

 

Já nem distinguimos o trapaceiro

Daquele que apregoa probidade

Endeusa-se o que dá prosperidade

Pondo o que mais tem em lugar cimeiro.

 

É tanta a especulação e mentira

Fazendo impotente a nossa ira

Que até “normalizámos”a coisa má;

 

Não se autocritica o que dá “ um jeito”

A qualquer recomendado sujeito

Aceitando o “jeito” que o dinheiro dá...

 

Amândio G. Martins

Quando o péssimo exemplo vem de cima...

O futebol profissional tem tido uma benesse extraordinária - overdose nnoticiosa. A RTP1 e 3, pagas pelo contribuinte, primam em esmiuçar até à náusea o tema futeboleiro, ocupando horário nobre, em detrimento de tantos assuntos para a elevação da consciência cívica. O presidente da Liga Profissional de Futebol, disse, sem corar de vergonha, que o futebol não é um deporto, mas sim um negócio(!). 100 comentários. O dirigismo dos ditos três clubes grandes, são os (ir)reponsáveis pelo que se passa nas bancadas dos estádios, onde os adeptos se digladiam, só porque representam cores diferentes. O FCPorto é o campeão dos péssimos exemplos: um seu agente desportivo (desportivo?) foi condenado a 2 anos de prisão por agredir um jornalista! O seu presidente, defendido pela nata da advocacia, saiu sempre ilibado de tantos, tantos obscuros casos como arguido... agora, tem mais uma situação complicada às costas. O seu treinador de futebol, Sérgio Conceição, já foi expulso 21 vezes! Na última, mais uma vez, não prestou declarações aos jornalistas desrespeitando o seu trabalho - dever e direito de informar. Tem mau perder figadal, sendo mal-educado e arrogante. Na Sportv+, que andou a branqueá-lo, disse sem se rir, que é preciso «melhorar» e «mudar»..., mas vincou, que não mudará o comportamento(!). As suspensões e multas de que é alvo fazem-nos rir... se estivesse em Inglaterra já tinha mudado de profissão. Tendo filhos, deve pensar no péssimo exemplo que dá aos nossos! Conceição é um caso patológico... O FCPorto respaldá-lo é in-qua-li-fi-cá-vel!

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Ao nível de Rocambole

 

O visconde francês Pierre Alexis, quando escreveu “As façanhas de Rocambole”, com o pseudónimo literário de Ponçon du Terrail, teria seguramente aproveitado para mais um livro a incrível carreira política de Miguel Alves, tão curta, dado ser muito jovem, e tão fértil em peripécias verdadeiramente rocambolescas; de facto, não se conhecendo ainda a coisa em toda a sua dimensão, aquilo que já se sabe é suficientemente revelador para não causar  interrogações a toda a gente que deteste ser enganada por “chicos-espertos”.

 

Na parte do mundo em que vivemos, quando alguém responde a um anúncio de emprego, mesmo que não seja de grande responsabilidade o lugar, o candidato é confrontado, na entrevista de selecção, com a exigência dum vasto número de qualidades, cuja resposta será depois escrutinada; todavia, para preencher um lugar de sua confiança política, o primeiro-ministro, pelo que revela o caso Miguel Alves, não parece ter sido muito exigente, e isto nada abona em seu favor, pese embora saber-se que é um homem sempre atarefado, com mais problemas para resolver do que braços competentes em quem confiar...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Outros ventos já sopram

 

                                

 

Apesar de na Itália ter saído agora vitoriosa, a Direita saudosista do fascismo vem sendo rechaçada a olhos vistos, em lugares onde chegou a ser dominante, como Brasil e Estados Unidos; no primeiro caso, o “bacamarte” que tantos danos causou ao país, andou sempre na segunda posição nas sondagens, chegando a parecer que perderia logo na primeira volta, e a sua desejada e confirmada derrota -  a que se seguiram as inconcebíveis demonstrações de revolta da sua gente, que mostraram ser do pior que aquele país tem, gente que não quer democracia, não hesitando em pedir intervenção militar -  mostra que a maioria dos brasileiros ficou farta.

 

No caso dos Estados Unidos, onde igual “massa bruta” causa estragos, incentivada pelo fanfarrão derrotado há dois anos, que ensaia regressar na próxima “corrida”, as eleições de meio de mandato de Biden também não lhe correram tão mal como os “”experts” das análises e sondagens previam, se calhar porque o velho presidente não se conformou, esperando sentado para ver, mas empenhou-se no trabalho, a que não regateou ajuda aquele de quem tinha sido vice.

 

Aqui ao lado, os de Vox parecem estar a desmoronar-se por dentro, agora que a que foi sua "menina bonita”, Macarena Olona, que, apesar de ter sido relevante na direcção do partido, passou a ser desconsiderada depois de não ter conseguido na Andaluzia o resultado que ambicionavam, agora que corre por conta própria, fez saber que se lhe apetecer abrir a boca, Vox corre até o risco de ser ilegalizado, tão grandes serão os podres que ela diz conhecer; todavia, como teve lá dentro uma posição de relevo, se fizer o que ameaça, pode acabar por ser também penalizada, o que a deverá desencorajar...

 

Amândio G. Martins

 

 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

O SILÊNCIO SOBRE O MUNDIAL DO CATAR

 


A FIFA já reconheceu que as obras efectuadas na construção de estádios e outras infraestruturas ligadas à realização do campeonato do mundo de futebol no Catar, ficaram marcadas pelo desrespeito pelos direitos humanos e laborais, por falta de direitos e condições de trabalho para os imigrantes, nomeadamente paquistaneses, indianos, nepaleses, bengalis, causando vários milhares de acidentes de trabalho e mais de 6700 mortos.

O presidente da FIFA, Gianni Infantino, informou igualmente que estarão em curso diligências para compensar as vítimas de acidentes de trabalho.

A decisão de atribuir a realização do mundial de futebol de 2022 ao Catar, em 2010, foi desde o início rodeada de críticas e polémicas, como a possível existência de corrupção na compra do voto de federações para que tal acontecesse. O presidente da FIFA na altura, Joseph Blatter, admite agora que a escolha do Catar foi um erro.

Por cá, tudo isto e muito mais, parece não incomodar o país do futebol e não merecer qualquer declaração ou comentário. O silêncio sobre o que aconteceu no Catar é praticamente unânime, desde dirigentes a protagonistas, de programas televisivos e radiofónicos a jornais desportivos.

Aliás, seguindo uma prática de nunca ou raramente ter uma palavra ou comentário, sobre as dificuldades e agravamento de condições de vida, que em várias ocasiões afectam muitos adeptos e simpatizantes do futebol que enchem estádios.

De resto, não admira, já que o «futebol profissional é um negócio e não um desporto…», como confirmou o presidente da Liga, Pedro Proença. E a  preocupação dum negócio é o lucro e não social.

terça-feira, 8 de novembro de 2022

COP27: Cimeira do tudo ou nada

O Egipto foi o país escolhido para a Cimeira do Clima da ONU. Lá, as pessoas que têm justas preocupações ambientais, não têm permissão para se manifestarem... são abordadas e os seus telemóveis vistoriados e de seguida presas! Fazer uma Conferência Mundial num país presidido por um militar dum governo musculado, que guilhotina direitos civis - foi uma péssima escolha. Esta crise climática também é uma crise de Direitos Humanos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, tem sido corajoso e assertivo nos diagnósticos das alterações climáticas: «Estamos numa auto-estrada para o inferno climático e não tiramos o pé do acelerador»(!). O gás de efeito estufa não têm parado de aumentar e, em nome dos humanos e de todos os seres vivos urge diminui-los. Significativamente. Por cá, temos um clima mais quente e seco e o sul da Península Ibérica está lentamente a desertificar-se. A transição energética dos países mais pobres, severamente atingidos pelos efeitos poluidores dos países mais ricos, têm de ser comparticipados monetariamente por estes. Estamos a perder os glaciares pelo degelo, donde resultará um aumento do nível dos oceanos e... penso nos Países Baixos (Holanda). As decisões dos chefes de Estado não têm sido impactantes, no sentido de segurarem a nossa casa comum - a Terra. Brasil, India, Rússia e China, os maiores poluidores, faltaram à Cimeira... As batalhas decisivas pelo combate às alterações climáticas têm sido um fracasso. É comovente ver, por cá, a juventude mobilizada e organizada, a tomar a vanguarda nos protestos contra o combustível fóssil, o carvão, o nuclear, pelo nosso Planeta Terra com futuro. Grandes companhias de produção de energia fóssil estão sendo altamente subsidiadas e, para além de ser pornográfico, uma vez mais, aqui o deus dinheiro mancomunado com o capitalismo - são uma ameaça à Humanidade!

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

 RESVALANDO IRRESPONSAVELMENTE PARA O ABISMO


Está reunida na estância de férias de Sharm El Sheikh no Egito, a 27ª Conferência das Nações Unidas Sobre as Alterações climáticas (COP27)

E eu vou dar apenas um cheirinho sobre a matéria. Voltarei a sério ao assunto.

Reparem que já lá vão 26 cimeiras. Entretanto, devido aos gases com efeito de estufa, a temperatura global continua a aumentar e a subida do nível do mar, triplicou.

Apenas alguns exemplos dos efeitos: milhares de espécies extinguiram-se e outras estão em vias disso, aumentaram exponencialmente as secas, as chuvas torrenciais, as tempestades e, devido a tudo isso e muito mais, houve milhões de refugiados e de mortos.

No corno de África (Somália, Etiópia, Eritreia e Djibouti), a seca que persiste há anos, já dizimou quase todos os animais e os humanos, sobrevivem, os que sobrevivem, através das escassas ajudas internacionais. Ainda recentemente, um terço do Paquistão, um país imenso, esteve debaixo de água. Os exemplos podiam ser mais que muitos. Para terminar, falar aqui na nossa península que, como se sabe, o sul, está a transformar-se progressivamente quase num deserto.

Mas, e medidas para estancar, este resvalar para o abismo, onde é que estão?

Em vez delas, por exemplo, aqui, a água do Alqueva em vez de ser bem aproveitada, é a maior parte dela, utilizada nas plantações intensivas e superintensivas, milhões de hectares, de olival, amendoal e outras. Que, para além disso, para produzirem ao máximo e darem o máximo lucro, são utilizadas doses industriais de pesticidas e fertilizantes, que esgotam os solos e destroem ecossistemas. Ainda há pouco tempo ouvi um alentejano dizer que já quase não se veem insetos e pássaros no Alentejo.

Outro exemplo, e com este me fico, é esta guerra que foi preparada e é mantida pelos que fizeram as outras todas, agora com o triste apoio da UE. O gás que vinha da Rússia, vem agora, de outros lados, algum, muito mais caro e voltou-se em força ao carvão e ao nuclear.

Um único bom exemplo: a remoção de Bolsonaro. Mas mesmo esta, foi incompleta porque deixou milhões de simplórios contaminado com o vírus do evangelismo que ainda é pior que o da covid, o corona. Mas o pulmão da terra, a Amazónia, com Lula, pode ser poupada.

Pena são os animais, as crianças e uma minoria que se preocupa. Porque os outros da nossa espécie, uns, por causa do lucro e do egoísmo, são criminosos, os outros são indiferentes e irresponsáveis.

Francisco Ramalho


domingo, 6 de novembro de 2022

Ingenuidade

 

ARIDEZ TECNOCRÁTICA

 

Tiravam-no da “zona de conforto”

Pela “janela de oportunidade”

Tinha a promessa de “prosperidade”

Bastava que deixasse o “lado torto”...

 

Prometiam levá-lo a “bom porto”

Desde que lhes cedesse a liberdade

Não questionasse a autoridade

Como faz qualquer vulgar ”peso morto”.

 

Porque “do aproveitar vinha o ganho”

Talvez valorizasse o seu tamanho

Não via ali razão para suspeita;

 

Quando já se apercebia do desdém

Por não ser capaz de atropelar ninguém

Criaram-lhe a “tempestade perfeita”...

 

Amândio G. Martins

 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

No Brasil a democracia ganhou ao fascismo, até ver...

Nos anos de calamitosa desgovernação de Bolsonaro(B) o Brasil «ganhou»: mais de 30 milhões de brasileiros com fome; mais mortos por covid-19 pelo negacionismo de B. e negligência no seu combate; acentuada desflorestação incendiária e abate de árvores na Amazónia, privilegiando os madeireiros e o agronegócio, cujos proprietários são seus apoiantes; muitos milhares de índios expulsos das suas terras ancestrais e mortos; debandada de emigrantes; a Cultura relegada para o vil desprezo, sendo considerada «inimiga»(!) e muitas mais gravíssimas iniquidades. Não assumindo B. a derrota eleitoral, os seus apoiantes, muitos do lúmpen do proletariado, cortaram rodovias junto com camionistas, com a sua conivência e da chefia policial. Ninguém no mundo político lhe deu uma boa palavra, excepto o fascista, André Ventura(!). São gémeos políticos... a ditadura militar, com um rol interminável de mortos, foi glorificada, dizendo B., que teria sido preciso matar mais democratas(!). Isto, por si só, é cumplicidade criminosa! Boçal-naro, afirmou :«originei uma economia forte». Forte para os poderosos, porque os favelados, os famintos e os sem-abrigo aumentaram exponencialmente! Está indiciado por 58 crimes!, tendo apelado aos seus adeptos que desbloqueassem as rodovias, em troca da garantia de ter um «exército» de advogados para o defender em tribunal... Pelas mortes por covid-19, pela destruição de parte significativa do pulmão do mundo - a Amazónia e lá, pelo assassinato constante dos sem-terra e dos índios, B., é um assassino! Será julgado... e condenado?

DIFICULDADES DAS PESSOAS NÃO PREOCUPAM UNIÃO EUROPEIA

 


A União Europeia parece pouco ou nada preocupada com as dificuldades da maioria das populações na Europa, provocadas pelas consequências da guerra, sanções, inflação, taxas de juro, tudo a causar um aumento insuportável do custo de vida, subida em flecha das prestações da casa, elevação permanente de preços de combustíveis, electricidade e gás, tudo potenciando um aumento da pobreza.

Esta orientação e prática da União Europeia não constitui propriamente novidade, confirmando o pouco apreço pela opinião da maioria dos europeus. Sempre que os povos tiveram oportunidade de se pronunciar sobre decisões da União Europeia, rejeitando as mesmas, a vontade dos povos foi ultrapassada por manobras para as fazer coincidir ou abrir caminho aos interesses do capitalismo.

Tal como escreveu Jack Dion, jornalista francês, director adjunto da revista semanal «Marianne»:

«Em 1992, os dinamarqueses votaram contra o Tratado de Maastricht; foram forçados a voltar às urnas. Em 2001, os irlandeses votaram contra o Tratado de Nice; foram forçados a voltar às urnas. Em 2005, franceses e holandeses votaram contra o Tratado Constitucional Europeu (ECT); ele foi imposto sob o nome de Tratado de Lisboa. Em 2008, os irlandeses votaram contra o Tratado de Lisboa; tiveram que voltar a votar. Em 2015, 61,3% dos gregos votaram contra o plano de redução de gastos de Bruxelas, que mesmo assim lhes foi imposto».

Limpeza que tardava

 

No cumprimento da promessa de limpar os espaços de culto religioso de figuras do regime franquista, o actual Governo espanhol tinha intimado a Irmandade da Macarena, em Sevilha, em cuja basílica estava sepultado, no espaço frontal ao altar-mor, um monstro responsável por quarenta e cinco mil fuzilamentos -  entre os quais se presume estaria o poeta Federico Garcia Lorca -  para acertar com a família o local para onde queriam que fosse transladado, acto em que só esta seria autorizada a participar, para evitar as habituais provocações dos fascistas.

 

E assim foi feito, altas horas da noite, com escasso número de familiares do general Gonzalo Queipo de Llano y Sierra -  que assim se chamava o facínora – que mesmo assim não se pouparam de dar vivas à sanguinária figura, a que respondeu apenas a voz da representante das famílias das vítimas, Paqui Maqueda, do movimento “Nuestra Memória”, informada em cima da hora, com um bem alto “Honra e Glória às vítimas do fascismo”.

 

Amândio G. Martins

 

 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

 JAIR JÁ FOI



"Morreu a Rainha aí". Para quem não sabe, a Rainha Aí era a Rainha de Inglaterra...

Para este broncopata, que não sabe falar espanhol nem portunhol, a boçalidade não tem limites.
Só que, não é apenas de boçalidade que o "infiliss" é composto. Dentro daquela massa bruta, o que não falta é ódio, rancor e ganância.

Despudorada e incessantemente citando Deus como seu aliado, este Trump tropical é um exemplar concreto do religioso fanático.



José Valdigem

 CARTA ABERTA DE ROGER WATERS A OLENA ZELENSKA


O conhecido músico fundador e ex líder dos PINK FLOYD e defensor de diversas causas sociais e políticas, como a causa Palestina, a denúncia da fome em África, as causas e perigos da ascensão da extrema direita e do fascismo, etc., escreveu uma carta aberta à primeira dama ucraniana, Olena Zelenska, uma mulher que, tal como o marido, parece adorar o cheiro a pólvora.

Questionando o “pedido de apoio” para a Ucrânia, defendido por Zelenska, escreve Roger Waters: “Se o apoio à Ucrânia for o pedido de fornecimento de armas para o exército comandado pelo governo de Kiev, receio que esteja tragicamente enganada. Lançar combustível, em forma de armas, para o fogo de combates nunca encurtou a guerra no passado, e não vai funcionar agora, particularmente neste caso, em que grande parte do combustível atirado ao fogo vem de Washington, que está a considerável distância da conflagração”.

A seguir, Waters critica as promessas políticas de paz que lembra terem ficado por cumprir por parte do atual Presidente da Ucrânia, sobretudo na zona leste do país. O músico e ativista, quer “persuadir os nossos líderes para pararem com esta chacina, que serve apenas os interesses das classes dominantes e dos nacionalistas, tanto do Ocidente, como do vosso lindo país, à conta das despesas de todos nós, gente comum, tanto do Ocidente, como na Ucrânia, e na verdade de qualquer um do resto do mundo”.

Será que Roger Waters é putinista?

Manipulado e indiferente, é que ele não é!

Francisco Ramalho

quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Sociedades doentes

 

Dizia Karl Popper que os que prometem o céu na terra normalmente reproduzem o inferno, e o que temos visto no Brasil, durante a campanha eleitoral e após as eleiçoes, são milhões de almas capazes do pior, alienadas por uma seita pretensamente religiosa, cujo imenso poder lhes advém da manipulação despudoradamente exercida sobre aquela imensa massa, incapaz de pensar por si própria.

 

De facto, tal como nos Estados Unidos com Trump, esses demoníacos “evangélicos” brasileiros – máquina de destruição da democracia, como lhes chamou Lula, justificando não ter ido ao debate organizado pelo canal de esgoto televisivo da seita - tiveram nos últimos anos rédea solta para fazer todo o mal que quiseram, com acesso livre a lugares sensíveis da governação, aproveitando ter um dos seus no lugar mais destacado, que lhes permitiu ocupar ministérios tão importantes como o da Educação, ridicularizando a grande nação perante o mundo civilizado.

 

Demasiado tempo depois de serem conhecidos os resultados, aguardava-se do perdedor uma demonstração de que ainda haveria nele algum resquício de dignidade, especulando-se sobre o que sairia do seu ressabiado bestunto -  sabendo-se que, mais uma vez, terá tentado pressionar o Supremo Tribunal, cujos juízes nunca respeitou, só porque não lhe permitiam fazer maior mal do que já fazia - ainda que alguns dos seus mais chegados aliados o tentassem aconselhar no bom sentido, para evitar causar ao país danos irreparáveis...

 

Amândio G Martins

terça-feira, 1 de novembro de 2022

DOIS BRONCOS!!

 Esta é uma visão do lado de cá do Atlântico, de quem nunca pôs os pés no Brasil e que, por acaso e só por isso, não convive com ninguém da grande comunidade brasileira em Portugal. 

O tema cá impõe-se, como seria de esperar. Pertencerei quiçá à larga maioria dos portugueses que assistem com um misto de perplexidade e desconforto às convulsões, e são muitas, da nação brasileira. É que, mesmo para os relaxadíssimos padrões lusos de justiça e ética no desempenho de cargos públicos, o que se passa no Brasil é incompreensível. 

E não ficamos pela pouco saudável relação da Justiça com o poder político, temos também o papel das diversas igrejas brasileiras, cujos dirigentes se prestam ao jogo político com despudor.

A acrescentar a tudo isto, o discurso e o comportamento público dos actores, que vai desde o bronco ao insulto directo, sem grandes filtros.

Neste ambiente de pouca exigência política é expectável que emirjam na cena política brasileira personagens de perfil pouco recomendável e não estou a falar das opções ideológicas de cada um. E se às vezes me custa ser cidadão/eleitor em Portugal, por manifesta falta de opções, não queria estar na pele dos nossos irmãos brasileiros, a quem finalmente restou escolher entre dois broncos de grosso quilate.

Seria redutor se não disséssemos que também se escolheu entre dois modelos de sociedade mas a que preço e com que interpretes. 

Do lado de cá do Atlântico resta-me o triste consolo da notícia da intenção de poupar a Amazónia. Mas com o país rigorosamente partido ao meio, uma parte da população no limiar da fome e tendo em conta o perfil do personagem que ganhou, nada está garantido.


A corrupção rouba o Estado social

Uma das matrizes principais do serviço público é ser impoluto. Na prática, pelo elevado número de indiciados e arguidos, aquela característica não se verifica em inúmeras ocasiões... o PSD e o PS, há tempo demais, são os campeões da corrupção no seio das autarquias. Tantos, tantos acusados, mas condenados à prisão, além de Isaltino de Morais, ex-PSD, quem mais? Corrupção e trampolinices roubam - de facto! - O Estado Social. O PÚBLICO, e bem!, investigou Miguel Alves (PS) que fez negócio suspeitoso enquanto ex-autarca de Caminha levou o MP a abrir-lhe um inquérito... uma ex-autarca do PS, agora deputada e que se manteve no governo na condição de arguida, teve no seu líder par(a)lamentar, Brilhante Dias, a sua defesa e a desonra de dizer, que a situação desta é estritamente pessoal(!). O Dias, «brilhante», calado é um poeta! Aquela está judicialmente envolvida com Isaltino, presidente da Câmara de Oeiras e o ex-presidente da Câmara de Mafra, Ministro dos Santos (PSD). As intrujices repetem-se com uma frequência desmesurada: Enquanto presidente da Câmara de Montalegre e o vice-presidente, ambos do PS, estão indiciados por associação criminosa, peculato, prevaricação, recebimento indevido de vantagem, abuso de poder e participação económica em negócio, falsificação de documentos. Estes inqualificáveis procedimentos tiram apoios prementes, já que foram pedidas ajudas para crianças em Montalegre e a resposta foi que não havia dinheiro.... Pudera! Se estas negações não são crimes, o que são? A situação do presidente de Montalegre é tão suspeita que ficou em prisão preventiva. Gente que comprovadamente rouba o erário público deve ser exemplarmente sancionada e irradiada da política - para todo o sempre!