segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Indigência

 

A gente que tem governado o país nos últimos anos cometeu erros, mas não ignora que os cometeu, sabendo que, em grande parte por eles, não conseguiu cumprir o mandato para o que tinha todas as condições; todavia, o saldo que deixa é largamente positivo, o que até  permite ao putativo candidato a primeiro-ministro a promessa de gordos aumentos nas pensões e aproximar as mínimas dos mil euros, trocando o estafado discurso da bancarrota e deixando subliminarmente claro, porque nunca o explicitaria, um grande elogio à governação prestes a saír, que até lhe permite o luxo de poder oferecer “bacalhau a pataco”.

 

Não se pode esconder que há muita coisa que não está bem, mas ponho-me a pensar como estaríamos e no que diria essa gente que agora chama lixo a tudo o que foi feito, se tivesse governado na situação dos que agora saem, tendo atravessado uma pandemia que durou mais de dois anos e uma guerra que vai entrar no terceiro ano de destruição de um povo inteiro e com duros reflexos no nosso continente.

 

Do que li no JN acerca do que foi dito pelo líder e por altas figuras do partido inebriado pelo cheiro a poder, a que nem faltou a relíquia da velha múmia, aflige-me o baixíssimo nível de quem lidera aquele grémio, incapaz de dizer alguma coisa que faça pensar que tem alguma ideia do que seja governar, além do penacho; de facto, para lá do panfletário, nada dali parece poder vir que dê à gente alguma tranquilidade...

 

Amândio G. Martins

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