RESPOSTA À SENHORA LIA LIMA

Em defesa de Bolsonaro e respondendo a uma carta do leitor Vítor Colaço Santos (VCS), Destak, 5/11/18, a senhora Lia Lima, pergunta-lhe se sabe o que é o fascismo. Sabe VCS, sei eu e sabem todos os portugueses com mais 50 anos, o que é o caso dele e o meu. Perguntou-lhe também se já morou no Brasil. Não sei se este leitor do Destak que nos tem brindado aqui com excelentes artigos de opinião, já morou no Brasil. Eu não morei, mas, curiosamente, quando estive na Marinha, fui lá na fragata Comandante João Belo no tempo da ditadura militar que o ídolo da senhora Lia tanto elogia. Sabe o que aconteceu mal acabámos de atracar no Rio de Janeiro? Aconteceu uma coisa inédita em relação a todos os portos onde estive. E foram muitos: uma formatura geral de toda a guarnição. Sabe para quê, Senhora Lia Lima? Para o nosso comandante nos ordenar que ninguém podia ia sozinho para terra. Só em grupos. Ou, como o navio ia ficar exposto a visitas, acompanhados por compatriotas nossos que lá estavam emigrados, ou por pessoas de lá em quem confiássemos. Era esta, a segurança no tempo da ditadura militar tão do agrado de Bolsonaro. Concorda ainda a senhora que “todos os brasileiros de bem tenham direito à legítima defesa”, ou seja, que andem armados. Imagine-se o morticínio que espera aquele povo. E, tal como o homem que advoga a tortura e até a morte, a senhora Lia evoca Deus. Mas, com certeza, não o Deus misericordioso que disse: amai-vos uns aos outros e, NÃO MATARÁS!

Francisco Ramalho

Corroios, 5 de Novembro de 2018

Enviado hoje para o Destak