Com
a devida vénia, usurpo o título do realista e lindíssimo poema de Carlos Tê, magistralmente cantado por Rui
Veloso, para dizer que o senhor Durão Barroso foi para a
administração de um dos principais pilares do capitalismo mundial,
a Goldman Sachs. Aliás, de onde veio o seu correligionário de
partido e de cargo na União Europeia, Carlos Moedas, e onde também
se encontra outro ex-governante e do mesmo partido,José Luis Arnaut.
Ou seja, é natural esta gente rodar nestes cargos e nestas
instituições ao serviço do capitalismo indígena e transnacional.
O que não é natural é o povo votar aos milhões, no partido destes
senhores. Fá-lo por isto que Carlos Tê,tão genialmente nos diz:
“Ai,
Senhor da Furnas,
Que
escuro vai dentro de nós.
Rezar
o terço ao fim da tarde
Só
para espantar a solidão.
Rogar
a Deus que nos guarde,
Confiar-lhe
o destino na mão
Que
adianta saber as marés,
Os
frutos e as sementeiras,
Tratar
por tu os ofícios,
Entender
o suão e os animais,
Falar
o dialecto da terra,
Conhecer-lhe
o corpo pelos sinais.
E do
resto entender mal,
Soletrar
assinar em cruz,
Não
ver os vultos furtivos,
Que
nos tramam por trás da luz.
Ai,
Senhor das Furnas,
Que
escuro vai dentro de nós.
A
gente morre logo ao nascer
Com
olhos rasos de lezíria.
De
boca em boca passar o saber,
Com
os provérbios que ficam na gíria.
De
que nos vale esta pureza,
Sem
ler fica-se pederneira.
Agita-se
a solidão cá no fundo,
Fica-se
sentado à soleira,
A
ouvir os ruídos do mundo
E a
entendê-los à nossa maneira.
Carregar
a superstição
De
ser pequeno ser ninguém
E
não quebrar a tradição
Que
dos nossos avós já vem.”
Francisco
Ramalho
Corroios,
9 de Julho de 2016
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.