Decorre, em Peniche, até 24 julho, a Mostra Internacional da Renda de Bilros (com o tema «onde há redes há rendas»).
Tenho andado a pensar nas rendilheiras portuguesas e no seu trabalho que, esperemos, seja classificado como Património Imaterial da Humanidade (PIM). As Natildes que Fernando Alves da TSF tem tido a sorte de conhecer por estes dias, praticam com "boa vontade e amor" uma arte linda e difícil que, nos nossos dias, está esquecida e desvalorizada. As suas rendas não têm grande «utilidade» e eu não as tenho visto...
O que não serve para «nada», o que é inútil aos olhos dos políticos e economistas e gestores, é o trabalho de muitos de nós!
A nossa cultura e sociedade capitalista só vê o lucro e a utilidade que as coisas (e as pessoas) possam ter. Uma sociedade tipo «Maria vai com todos», onde de um momento para o outro todos jogam Pokémon Go, o jogo da moda, já criticado pelo realizador americano Oliver Stone por considerar que " é uma ferramenta de «capitalismo de vigilância» que abre caminho para uma sociedade totalitária".
A renda de bilros e suas rendilheiras, assim como o fado já foi, têm que ser lembradas e reconhecidas e condecoradas, porque não? Tal como o são os intelectuais, ou os futebolistas, ou todos aqueles que as massas conhecem da TV ou fazem vender revistas cor de rosa...
Reconhecer e classificar as rendas de bilros como PIH é dizer que a vida e o mundo são muito mais que o dinheiro e o lucro: são feitos de arte, espiritualidade, beleza. Humanidade, numa palavra.
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